“O esporte é uma ferramenta de união e cooperação comunitária”

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“O esporte é uma ferramenta de união e cooperação comunitária”

Natural de Lajeado, Lucas Kieling Bublitz, 27, mora em Porto Alegre desde 2014. Estudante de Direito na UFRGS, ele é voluntário no Gancho do Povo, projeto de boxe popular criado para acolher crianças em um dos pontos mais vulneráveis da cidade.

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Atualizado quinta-feira,
25 de Novembro de 2021 às 13:43

“O esporte é uma ferramenta de união e cooperação comunitária”
Lajeado

O que é o projeto Gancho do Povo?

É um projeto de boxe popular, criado para acolher crianças em um dos pontos mais vulneráveis de Porto Alegre, na Vila Colina.

Como você chegou a ele?

O projeto foi fundado juntamente aos moradores da localidade, pensado coletivamente, para oportunizar às crianças o acesso a uma vida digna, na figura de um esporte popular, o boxe. A construção se deu após mais de 4 anos de contato direto com os moradores, em virtude do contato que tive com lideranças comunitárias engajadas na regularização de moradias precárias no bairro.

Como é a recepção ao projeto e quantas crianças atende?

O esporte é uma ferramenta de união e cooperação comunitária. A comunidade, juntamente com os alunos do projeto, abraçou a causa. São cerca de 15 crianças, a maioria delas têm presença assídua. Alguns acabam intercalando momentos de ausência e presença. Mas o mais importante é a dedicação que todos apresentam durante as dinâmicas.

O que o boxe proporciona a essas crianças?

O boxe proporciona, principalmente, um acesso a direitos básicos, dentre os quais, podemos citar a saúde e o lazer. Para além desse aspecto fundamental, a prática reforça laços de socialização, aumenta o vínculo comunitário e estabelece novos elos afetivos entre as crianças.

Muito se fala que quem luta não briga. Isso é verdade?

A distinção entre a prática de uma arte marcial e o que se convencionou chamar de “briga” é notável. A arte marcial é uma ferramenta de socialização educacional. Tem diretrizes coletivas de cooperação, respeito e solidariedade. De qualquer maneira, não se assemelha com a prática de violência.

Tem algum caso em particular que te tocou?

O que para mim foi mais especial foram as reflexões coletivas tiradas pelo grupo, no sentido de não haver espaço, por exemplo, para nenhuma prática descriminatória. O senso se horizontalidade e de pertencimento dos alunos como membros de um coletivo, faz total diferença. Assim, é desestimulada a concorrência e o mérito individual para que emerja um senso de evolução coletiva, no qual todos ensinam e aprendem um pouco.

O que representa para ti estar neste projeto?

Pra mim representa muito, mas o que mais importa, ao meu ver, é o resultado coletivo que é oportunizado a todos os que vivem o projeto. Para além disso, a construção do coletivo sempre almejou um legado na comunidade. A continuidade do projeto, de maneira a se perpetuar uma prática de esportes populares no morro, por si só, já seria a maior conquista.

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