Projeto pode destravar antiga hidrovia

Economia

Projeto pode destravar antiga hidrovia

Governos do Brasil e do Uruguai retomam tratativas sobre ligação fluvial de Estrela à província de La Charqueada. Modelo de concessão no sul gaúcho pode ser replicado à região

Projeto pode destravar antiga hidrovia
Rio Taquari é usado para o transporte de areia. Líderes locais acreditam no potencial turístico para melhor aproveitamento comercial do leito. (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari

Em debate por mais de três décadas, a hidrovia Brasil-Uruguai ganha novas perspectivas e, retoma a esperança da navegação comercial no Rio Taquari. Hoje, o modal logístico é usado basicamente para o transporte de areia até o porto de Estrela.

Os elevados custos de infraestrutura afastaram investimentos públicos e agora a expectativa fica por conta do setor privado. Um modelo de concessão é estabelecido no trecho do extremo sul gaúcho e pode vir a ser replicado na região.

O projeto prevê a ligação fluvial desde La Charqueada, no Uruguai, a Estrela. Ainda não há uma estimativa atualizada do valor necessário para deixar os canais com condições de navegação e transporte de carga.

No momento, os principais desafios são relacionados à profundidade do rio em determinados pontos e as limitações na barragem de Bom Retiro do Sul. Especialista acredita que o uso de embarcações modernas poderia driblar estes aspectos.

Do ponto de vista de líderes locais, a principal aposta em relação ao rio e o porto de Estrela é o turismo e transporte de pequenas cargas. Conforme o diretor de indústria da Cacis, Henrique Purper, é economicamente inviável os investimentos em dragagem e há dificuldade em trazer grandes embarcações.

“Participei dos debates em 2014 e não se avançou nesse projeto binacional. Temos de encontrar formas mais simples de aproveitar nosso potencial logístico e estratégico”, observa Purper. O representante da câmara comercial e industrial observa a necessidade de retirar o cascalho e ampliar o canal navegável, não apenas remover o material para as margens do rio.

Purper destaca ainda, as dificuldades impostas pela legislação. Na sua avaliação, no modelo atual, ainda é mais barato o transporte rodoviário em relação a taxa de transbordo no porto de Rio Grande.

Projeto binacional

O governo brasileiro trabalha com a possibilidade de transferir as obras dos canais ao setor privado, mediante concessão. A primeira etapa envolve análise de mercado, obras de dragagem e sinalização do Canal Sangradouro até a Lagoa Mirim e do Canal São Gonçalo, em Pelotas, até o porto de Rio Grande.

Os custos das obras estão avaliados em R$ 25 milhões. A capacidade estimada de transporte de cargas varia entre 765 mil a três milhões de toneladas ao ano.

Em 2014, foram anunciados R$ 70 milhões do governo federal. Deste valor, R$ 4 milhões aplicados em dragagem na Lagoa Mirim, no extremo sul do estado. Porém do lado uruguaio, a conexão não foi estabelecida. Também foram usados R$ 5 milhões em estudos e projetos.

Adaptação ao mercado

Advogado e especialista no setor portuário, Eduardo Kraus, reforça a necessidade de embarcações mais modernas e adaptadas às realidades locais. “A dragagem é pura filosofia, precisamos de mais engenharia. Embarcações menores e com o casco achatado são opção no caso do Rio Taquari”, afirma.

Segundo o especialista, a hidrovia será realidade através de um processo natural e diante da demanda de mercado. “Talvez demore dois a três anos para ganhar ritmo, mas cabe lembrar que há 70 anos o Rio Taquari já trazia carga, com a engenharia que se tinha”, destaca Kraus.

Em relação aos custos logísticos, Kraus observa a necessidade de volume para reduzir custos e tornar a navegação viável. Cita as oportunidades de transportar a produção da Serra Gaúcha e do agronegócio do Vale. “Acredito no projeto da hidrovia binacional e vai acontecer dentro do seu tempo, com a força do setor primário”, pontua Kraus.

Projeto da Hidrovia Mercosul prevê ligação de Estrela a La Charqueada, no Uruguai

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