Vale busca ampliar produção de lúpulo

Agronotícias

Vale busca ampliar produção de lúpulo

Indústrias e municípios incentivam o cultivo do insumo responsável pelo amargor e aroma da cerveja. Setor dependente da importação busca a autossuficiência da matéria-prima

Vale busca ampliar produção de lúpulo
Cultivo é indicado para áreas a partir de meio hectare. Aroldi, de Sério, é um dos produtores pioneiros na região. (Foto: Arquivo A Hora)
Vale do Taquari

Um dos principais ingredientes da cerveja, o lúpulo, cria oportunidade de renda no Vale. A planta trepadeira característica de locais de clima frio mostra boa adaptação às condições da região e confirma o potencial produtivo. As primeiras áreas foram implantadas em 2018, com produtores de Lajeado, Santa Clara do Sul e Sério.

Diante da baixa oferta no mercado interno e alta na demanda do setor, o plantio do “tempero” da cerveja é incentivado por indústrias e municípios em busca de melhor competitividade e alternativa de diversificação rural. Hoje, 99,9% do lúpulo é importado da Alemanha e EUA.

No início do ano, a cervejaria Salva Craft Beer, de Bom Retiro do Sul, adquiriu 12 hectares em Paverama para desenvolver o cultivo de lúpulo. Na primeira etapa do projeto, serão utilizadas 9 mil plantas em área de 3 hectares. Técnicos preparam o solo, antes usado no cultivo de eucalipto, com a expectativa de iniciar o plantio na primavera do próximo ano.

O investimento da cervejaria é de R$ 500 mil, com meta inicial de produzir quatro toneladas de lúpulo. A cervejaria, fundada em 2016, será uma das poucas do país a contar com plantação própria do ingrediente que confere o amargor e aroma à cerveja.

“Na cervejaria Salva utilizamos o lúpulo dos nossos parceiros em várias cervejas da linha Quintas-Feiras, que é como chamamos nossas cervejas sazonais, mas a meta é produzir todo o lúpulo utilizado nas demais cervejas”, explica o engenheiro agrônomo Marcus Outemane.

Entre os desafios está o estudo de adaptação das variedades ao clima local. “Parte desse trabalho já é feito em testes nas propriedades, no pós-colheita, uso de tecnologia e custo justo ao produtor”, reforça o técnico da cervejaria.

Produtividade

É a partir das resinas e óleos essenciais das flores fêmeas do lúpulo que vêm o amargor, além de sabores e aromas cítricos, florais, frutados, herbais e condimentados. O cultivo a partir de meio hectare garante bom retorno ao produtor.

Roberto Aroldi, de Sério, montou a estrutura com 100 plantas ainda em 2020 ao custo de R$ 3 mil. “A planta bem nutrida e na fase adulta, a partir da quarta safra, pode render até 2 quilos por pé. Tudo depende das condições de solo e clima”, avalia o produtor. Aroldi vende o quilo do lúpulo por R$ 50.

Para este ano, ampliou a área em mais 60 plantas. “O plantio é feito uma única vez. Depois da colheita a planta seca e entra em dormência durante o inverno. Antes da primavera surgem os novos brotos que precisam de poda”, detalha Aroldi.

Programa de incentivo

A Salva criou em 2018 o programa de incentivo ao plantio de lúpulo no Vale do Taquari. A ideia é melhorar a oferta ao mercado local, gerar demanda para a agricultura familiar e oferecer um produto de alta qualidade com características regionais.

Em 2019, a Salva produziu a primeira cerveja orgânica, com lúpulo da espécie cascade, da plantação de Elson Algayer, de Santa Clara do Sul. Em 2020, incrementaram lúpulo fresco de outros produtores da região. A ideia da marca é ser sustentável e suprir toda demanda de uso em cervejas, posteriormente, no o uso para óleos essenciais medicinais dentre outros produtos.

Natan Armange, de Lajeado, é também produtor parceiro da Salva. “A ideia de investir na cultura surgiu em 2019 quando soube dessa iniciativa da cervejeira de Bom Retiro do Sul. Cultivamos 600 plantas, de nove variedades.” A primeira colheita foi em março deste ano com produtividade de 200 quilos.

Acompanhe
nossas
redes sociais