Até julho de 2022, as 26 capitais do país e o Distrito Federal deverão contar com o 5G, a nova geração de internet móvel. Só que esta tecnologia não chegará tão cedo ao interior dos estados. Há localidades, inclusive no Vale do Taquari, onde nem a 4G é uma realidade, com baixa qualidade do sinal ou áreas onde sequer existe.
O leilão do 5G, iniciado ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), teve como grandes vencedoras as três principais empresas de telefonia do país: Vivo, Claro e Tim, que levaram os lotes da faixa de 3 GHz da tecnologia, considerada a mais cobiçada. Já o lote 6, que cobre municípios do Sul com menos de 30 mil habitantes, teve como vencedor o Consórcio 5G Sul.
No Vale, a expectativa é que a tecnologia 5G chegue nas cidades mais populosas, como Lajeado, Estrela e Teutônia somente a partir de 2028. Por isso, líderes da região não criam grandes expectativas quanto a esta tecnologia neste momento. O necessário, para a economista Cintia Agostini, é fortalecer o 4G, o que está previsto com o leilão.
Principal tecnologia de internet móvel presente na região, ao 4G deve ter sua cobertura ampliada pelas empresas de telefonia a partir de 2022. “O 5G vai demorar para chegar até aqui em termos de pessoa física. Há um prazo longo pela frente. O que vai acontecer, e isso é muito positivo, é que elas terão possibilidade de trabalhar melhor a cobertura do 4G. A integralidade desta tecnologia é vantajosa para nós”, pontua.
Sinal complicado
Um relatório da Anatel aponta que, dos dez municípios brasileiros com a pior cobertura de sinal de celular, quatro são do Rio Grande do Sul. Uma delas está localizada no Vale do Taquari. Pelo estudo, Sério conta com 34,79% de cobertura.
Hoje, apenas uma antena de telefonia está instalada no município, junto à zona urbana. “Mas mesmo na cidade há muitos locais onde o sinal de telefone não pega. É uma cobertura muito pequena. Isso acaba afastando investimentos”, relata o prefeito Moisés de Freitas.
Sem expectativas com a chegada da tecnologia 5G, Freitas acredita que a instalação de uma nova antena de telefonia ajudará a solucionar parte do problema no município. “A Tim solicitou autorização para instalar e nós fizemos nossa, até pela dificuldade que enfrentamos”, comenta.
No momento, a empresa está em negociação com proprietários de terrenos para instalação da torre. A tendência é de que a liberação ocorra em 2022.
Precariedade
No Vale do Taquari, a precariedade no sinal de telefonia e internet já foi levada até ao Ministério Público Federal. Cintia, que presidia o Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) à época, lembra que as respostas das operadores não deixavam a região satisfeita. “Falavam sempre que estavam cumprindo o contrato, que havia sido assinado naquelas condições”, recorda.
O Codevat, em conjunto com a Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) buscou, de diversas formas, a elaboração de um plano de ação das operadoras para a região, o que nunca ocorreu.
Pesquisas também foram feitas com a comunidade. A mais recente, entre março e abril de 2019, mostrou que a insatisfação com a qualidade do serviço era grande entre os entrevistados.