Apesar da redução do número de produtores na atividade leiteira, conforme dados do IBGE, a produção no Vale aumentou 14,9% em dez anos. O volume registrado em 2020 somou 339,3 milhões de litros, ante 295,3 milhões em 2010. Técnicos atribuem o incremento à implantação de tecnologia e melhor gestão das propriedades.
Para inspirar cada vez mais os produtores e superar desafios do setor, o Colégio Teutônia, em parceria com o escritório regional da Emater/RS-Ascar, promove a partir de hoje à noite a 15ª edição do Fórum Tecnológico do Leite. O evento também conta com apoio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
Pelo segundo ano consecutivo, o fórum terá edição online. A programação se estende até quinta-feira, 21, com painéis a partir das 20h, transmitidos no canal da instituição de ensino no YouTube.
Na ocasião serão apresentados sete exemplos de sucesso na atividade leiteira. Hoje, o debate será sobre quais os benefícios da gestão reprodutiva, com casos sobre impactos na redução de intervalo entre partos e tecnologia na gestão.
Amanhã, o tema em destaque será qual o sistema se adapta melhor à realidade do produtor, com apresentação de propriedades com free-stall, compost barn e sistema misto (compost e pastejo). E, na terceira noite, o assunto principal é como gerenciar resultados produtivos e financeiros na propriedade.
Profissionalizar o setor produtivo
O fórum, desde a primeira edição, é idealizado pelo Colégio Teutônia (CT) e agrega parcerias. Nas últimas edições, o apoio de patrocinadores e a coprodução da Emater/RS reforçam o propósito de qualificar os produtores.
“O evento tem uma proposição técnica e tecnológica na atividade leiteira com ênfase da porteira para dentro. É preciso entender o que fazer com excelência para ser competitivo no mercado da porteira para fora”, explica o diretor do CT, Jonas Rückert.
Ainda de acordo com Rückert, a gestão da propriedade está atrelada ao conhecimento e definição de processos. “O fórum é uma grande oportunidade e a tecnologia nos permite chegar nas residências de milhares de produtores”, reitera o diretor do CT.
Mão de obra no campo
Outra preocupação dos líderes regionais é quanto à mão de obra. No agronegócio não é diferente. Conforme dados do diretor do Colégio Teutônia, a demanda por técnicos é muito grande e vão faltar profissionais em um futuro próximo.
Além de qualificar jovens, a instituição de ensino desenvolve projeto para uma agroindústria regional. A ideia é que famílias não integradas às indústrias possam produzir e fornecer a matéria-prima para produção de iogurte, queijo e outros derivados do leite.
Conforme o técnico da Emater/RS e coordenador do Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa) Maicon Berwanger, o formato virtual surpreendeu os organizadores na edição anterior, quando 5,8 mil assistiram as atividades.
As projeções deste ano são para manter e ampliar o público. “Além dos temas relacionados ao manejo do rebanho, precisamos debater o gerenciamento da propriedade, sucessão rural e gestão de pessoas. São assuntos desafiadores e que terão a devida prioridade no fórum”, comenta Berwanger.
Os gargalos da produção leiteira regional foram pautados nas edições anteriores do fórum e desde o ano passado, passou a contar com painéis de produtores para verificar a evolução de processos e inspirar aqueles que ainda não atingiram suas metas.
Produtividade do setor leiteiro no Vale do Taquari teve incremento de 14,9% em dez anos (Foto: Felipe Neitzke)
Gestão da propriedade
A jovem Jaíne Sprandel, 24, vai compartilhar a experiência e os projetos desenvolvidos na propriedade em São Jacó, interior de Teutônia. Formada em Engenharia Civil, decidiu permanecer no campo e auxiliar os pais na atividade leiteira. Ao tomar a decisão, passou a gerir o empreendimento e informatizar processos.
Até 2015, o controle de produção e de algumas das despesas era feito em um caderno e muitas informações eram extraviadas. “Adotamos planilhas como forma mais eficaz de controle de cada etapa do processo produtivo, desde a compra de insumos, a produtividade e comercialização. Fica muito mais fácil calcular custos e lucros”, observa.
Essa modificação foi fundamental para garantir o crescimento e tornar a propriedade rentável. “Durante o fórum vamos falar como faço a gestão dos dados e a divisão das tarefas”, comenta a jovem agricultora.
Astor Sprandel, 61, é quem cuida das lavouras e do trato dos animais. A esposa Fridalina König Sprandel, 56, é responsável pela ordenha e, a filha Jaíne, além do administrativo cuida das novilhas. “Todos se ajudam, mas cada um é responsável por uma parte dos processos. A decisão é tomada no voto da maioria”, conta Sprandel.
Formada em Engenharia Civil, Jaíne Sprandel, 24, decidiu permanecer no campo e auxiliar os pais na atividade leiteira (Foto: Divulgação)
Confinamento do rebanho
Premiados em concurso estadual do agronegócio, o casal Roberto e Eliana de Oliveira, da Granja Lenhard, de Estrela, vão compartilhar as vantagens do sistema free-stall, estrutura de confinamento de rebanhos leiteiros.
“Escolhemos este sistema diante da falta de mão de obra e limitação de área para pastagem. A primeira estrutura de free-stall foi construída em 1999. Depois, ampliamos e modernizamos as instalações a fim de garantir maior produtividade”, comenta o casal.
Conforme o médico veterinário Martin Schmachtenberg, cada produtor deve verificar o que se adapta à sua realidade. “É preciso considerar o espaço, a mão de obra e recursos disponíveis, por exemplo”, cita.
Sistemas de produção
Free-stall
Estrutura muito utilizada para o confinamento de rebanhos leiteiros. O sistema consiste em áreas com camas individualizadas, corredores de acesso e pistas de caminhada. As vacas leiteiras permanecem soltas, mas confinadas, em uma área cercada, onde são construídas baias individuais, com chão coberto com areia ou serragem.
Compost barn
O sistema consiste em um grande espaço físico coberto para descanso das vacas, revestido com serragem, sobras de corte de madeira e esterco composto. O principal objetivo é garantir aos animais conforto e um local seco para ficarem e a compostagem do material da cama.
Sistema misto
Com esta estratégia, o rebanho é aproveitado em todo seu potencial produtivo, no confinamento, e ao mesmo tempo, sua rusticidade na pastagem.
Programação
Hoje
Quais os benefícios da gestão reprodutiva?
Armando Rhoden (Tupandi/RS) – Impactos da redução de intervalo entre partos
Roberto Erig (Maratá/RS) – Tecnologia na gestão reprodutiva
Moderação: Diogo Cord (Languiru)
Amanhã
Qual sistema se adapta melhor a minha realidade?
Free-Stall – Granja Lenhard (Estrela/RS)
Compost Barn – Marina Frey (Venâncio Aires/RS)
Sistema Misto – João Martins (Venâncio Aires/RS)
Moderação: Diego Barden dos Santos (Emater e Colégio Teutônia)
Quinta-feira
Como gerenciar resultados produtivos e financeiros na propriedade?
Família Sprandel (Teutônia/RS) – Gestão de pessoas e de números
Artur Ziglioli (Dois Lajeados/RS) – Gerenciamento como tomada de decisões
Moderação: Luciano Redu (Dália)
