Saúde auditiva é tema de estudo em escola municipal de Capitão

EDUCAÇÃO

Saúde auditiva é tema de estudo em escola municipal de Capitão

Especialista alerta sobre impactos do uso exacerbado dos fones de ouvido

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Saúde auditiva é tema de estudo em escola municipal de Capitão
O fone de ouvido deve ser usado com parcimônia. Se utilizado de forma indevida, pode ocasionar perdas auditivas (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Em uma atividade proposta dentro do Programa Saúde na Escola (PSE), projeto do governo federal que visa a integração entre as áreas da educação e da saúde, alunos das turmas dos nonos anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Construindo o Saber, de Capitão, discutiram, com a intermediação da fonoaudióloga Elisete Ziani, os impactos do crescente uso dos fones de ouvido, principalmente em função do ensino remoto. “Este hábito vem aumentando cada vez mais, principalmente na vida de crianças e adolescentes. O que talvez poucos saibam é que a utilização excessiva dos fones prejudica a audição e, pode, até mesmo, causar surdez” avalia a profissional.

A análise do tema ocorreu a partir da exibição do filme “O som do silêncio” que aborda um distúrbio de audição vivido por um baterista que percebe, gradualmente, a surdez. Após a reflexão sobre o tema, a fonoaudióloga apresentou slides sobre a saúde auditiva, motivando o debate sobre o volume excessivo do fone de ouvido, tempo de uso e os perigos de trafegar com o fone, interferindo na audição do que se passa ao redor.

Dados são indicativos de alerta

Segundo Elisete, crianças, idosos e adultos intensificaram o uso durante a pandemia, seja por intermédio de aulas remotas, participação em lives, home office ou mesmo em academias, caminhadas, paradas de ônibus, indo ao trabalho e jogos online.

A fonoaudióloga apresenta dados de pesquisa realizada recentemente, apontando que em cada cinco adolescentes, dois já apresentam perda auditiva. Outra estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que cerca de 1,1 bilhão de pessoas dos 12 aos 35 anos de idade correm o risco de terem perdas auditivas irreversíveis porque escutam música muito alta em fones de ouvido. “Isso ocorre especialmente nos países de média e baixa renda, onde cerca de 50% da população nesta faixa etária escutam música em intensidade e duração consideradas perigosas para a audição. Diante desse quadro, pesquisas apontam que o uso excessivo e a exposição a sons intensos são responsáveis pela perda de audição em cerca de 35% dos envolvidos” esclarece Ziani.

Ainda focando no retrato trazido pelas pesquisas, a profissional cita resultado de testes auditivos feitos pela Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Foram testados 170 homens e mulheres de 11 a 17 anos de idade. 54,7% afirmam o uso de fones e sentiram zumbido nos ouvidos nos últimos 12 meses. Outros 51% disseram que sentiram zumbido logo após usar fone de ouvido por muito tempo ou ao saírem de ambiente muito barulhento. O mais alarmante é que os jovens alegaram não se incomodar com o ruído e por conta disso, não relataram o problema aos pais e, consequentemente, não procuraram ajuda médica.

Diante dos dados fica a observação da fonoaudióloga. Os primeiros sinais de perda auditiva são exatamente os zumbidos, em um ou nos dois ouvidos, com efeitos prejudiciais, visto que interfere no sono, na concentração, na comunicação e na capacidade de relaxar. “Nos adolescentes, o incômodo provocado pelo zumbido pode também afetar os estudos”, afirma a profissional.

Elisete Ziane deixa outro alerta, a perda auditiva tem efeito cumulativo e vai se agravando com o tempo. Portanto, sugere-se aos pais e as famílias, a conscientização como medida de prevenção, ou seja, ter o bom senso e escutar em um volume que seja capaz de compreender a fala e outros ruídos externos, como também substituir o uso dos fones por uma boa conversa familiar.

Cuidados com os fones para não interferir na qualidade auditiva

Segundo a profissional há algumas regras simples para que se faça uso do fone, sem interferir na qualidade auditiva.

  • Prefira fones de ouvido que ficam externos à orelha – os modelos intra-auriculares, menores e muito comuns hoje em dia, são mais prejudiciais. “Quanto mais longe do conduto auditivo está a fonte de som, melhor.”
  • Cuidado com o volume – use-o sempre na metade da graduação máxima do aparelho. “O ideal é conseguir ouvir a música e os sons externos também. Se a música impede de ouvir os sons externos significa que está alta demais e caso a pessoa ao seu lado ouça também, é indicativo de volume excessivo.
  • Dê descanso aos ouvidos – a cada hora de música ouvida no fone, recomenda-se dez minutos de pausa. O repouso auditivo também serve quando vamos a um show ou ficamos expostos a um som muito alto em um determinado dia. Evitar ficar dois dias seguidos exposto a ruídos altos ajuda a “descansar”, evitando que o dano auditivo – que tem como sintoma os zumbidos, por exemplo – torne-se permanente.
  • Cuide dos fones – tenha um recipiente específico para guardar seu fone de ouvido, ao invés de deixá-lo em contato direto com a bolsa, a mochila ou o bolso. “Os fones podem levar bactérias para dentro do ouvido, causando infecções que também podem gerar surdez, se não forem tratadas. Higienizar os fones com álcool sempre que possível também é uma boa saída.”
  • Não espere “perceber” a diminuição da capacidade auditiva – quando perceber a diminuição da própria capacidade auditiva, muitas vezes já tem uma perda leve a moderada instalada. “Sinais como zumbido ou sensação de ouvido tampado já podem ser sinais de perda auditiva; nesses casos, procure um especialista. Fique atento aos sinais, consulte o otorrinolaringologista uma vez ao ano e faça audiometria se necessário”.

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