Nos concursos, um Vale de tradição

MISS RS

Nos concursos, um Vale de tradição

Desde 1970, seis mulheres da região foram coroadas Miss Rio Grande do Sul. Edição de 2021, gravada em Estrela, traz os holofotes ao Vale outra vez

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Nos concursos, um Vale de tradição
A atual Miss Rio Grande do Sul passará a faixa para a sucessora em sua cidade natal. Resultado será divulgado no domingo, 3 de outubro. (Foto: Rodrigo Nascimento/ Divulgação)
Vale do Taquari

Nas passarelas, gerações de mulheres já competiram pelo principal título de beleza do estado. Com maiôs ou biquínis, cabelos lisos, crespos ou ondulados, as provas acompanharam a evolução do tempo, mas o objetivo permaneceu o mesmo: saírem vencedoras do tradicional Miss Rio Grande do Sul. Mais do que serem reconhecidas pela beleza, o que elas queriam era representar o município natal com respeito e humildade. Ao longo de quase 70 anos, o Vale do Taquari conquistou seis títulos e, este ano, volta a receber os olhos do estado com a edição de 2021 sediada em Estrela.

Representante de Lajeado, Maria Bernardete Heemann Betti, foi a primeira mulher do Vale a conquistar o título Miss Rio Grande do Sul, em 1970, e a representar o estado no concurso nacional. Ela recebeu o terceiro lugar no Miss Brasil daquele ano. Na época, também foi eleita Miss Brasil Internacional e representou o país no Miss Beleza Internacional, em que ficou entre as cinco finalistas. Maria Bernardete morreu em 2014, vítima de câncer.

Seis anos depois, em 1976, o Vale conquistou mais um título estadual no concurso. Desta vez, com a representante de Estrela, Anne Lee Horst. Naquele ano, o concurso foi sediado na cidade de Rio Grande, debaixo de muita chuva. Nervosa, Anne Lee lembra da preocupação em deixar o cabelo bonito e de verificar se o maiô estava dentro dos padrões. Mas nem tudo saiu como planejado.

“Em um dos dias meu salto estava quase quebrando e uma outra miss me emprestou um sapato”, recorda ela. Anne Lee também lembra de um vestido de lurex, um tecido brilhoso, que foi muito elogiado no concurso. Ao fim da programação, a torcida dela, presente no evento, levou a taça de destaque.

Não havia provas naquela época, mas sim um cronograma rígido de ensaios e passeios pela cidade. A Miss RS de 1976 aponta algumas mudanças na estrutura dos concursos e da avaliação, hoje, ela também percebe outras diferenças nas competições.

“Acredito que a maior mudança seja no conceito real de um concurso de beleza. Há mais ou menos 45 anos não pensávamos em ser modelo, nosso orgulho era poder representar de maneira elegante a nossa cidade”, destaca.

Uma edição curiosa

A edição de 1992 teve uma final surpreendente. A organização chamou apenas três meninas para compor a corte do concurso. Uma delas foi a estrelense Juliana Wulfing, que havia conquistado o terceiro lugar. “Após o meu desfile, pediram para retornar ao meu lugar, que houve um equívoco. Voltei e chamaram outra menina para o terceiro lugar, depois outra para o segundo e pensei que não teriam ganhado nada. Então me chamaram para o primeiro lugar. Foi uma grande surpresa”, descreve ela. No ano seguinte, chegou ao top 12 no Miss Brasil.

De Encantado para o mundo

O quarto título de Miss RS chegou ao Vale em 2007, conquistado pela encantadense Natália Anderle, que também foi eleita Miss Brasil em 2008. Hoje ela mora em Nova Iorque e é modelo internacional.

Na época, foi descoberta pelo Orkut. Ela já era habituada às passarelas, mas não seguia a profissão. “Quando recebi o convite, faltava pouco tempo para o concurso, apenas 15 dias. Foi o suficiente para que eu tivesse tempo de me organizar, mas cheguei no concurso de forma bem improvisada”, lembra.
Naquele ano, mais do que a coroa, Natália ganhou experiência e segurança para enfrentar o Miss Brasil no ano seguinte. A miss vê o impacto do concurso em sua vida de forma muito positiva. “Já viajei pelo mundo inteiro. Esse concurso abriu muitas portas pra mim. Mudei meu destino e hoje trabalho com o mundo fashion. O concurso só me trouxe coisas boas”, garante.

Uma representante no Miss Universo

Depois de cinco anos, foi a vez da representante de Teutônia, Gabriela Markus trazer o quinto título de Miss RS ao Vale, em 2012. Ela começou a participar dos concursos por incentivo da irmã e concorreu pela primeira vez em 2007, sendo eleita a Rainha da Indústria e do Comércio do RS.

Quando se mudou para Porto Alegre para estudar engenharia de alimentos em 2008, visitou uma agência de modelos e foi convidada para participar de outros concursos de miss. Entre eles, o Miss RS.

Um ano depois de ser eleita, foi mais uma vez vencedora. Desta vez, do Miss Brasil que a levou a Las Vegas para o Miss Universo, em que foi finalista. “Eram 89 candidatas do mundo inteiro e eu fiquei em quinto lugar representando o nosso Brasil. Foi algo muito grandioso e muito bonito na minha vida”, completa. Para ela, a tranquilidade e a clareza foram fundamentais para chegar ao Miss Universo.

Estrela em destaque

Secretária Especial de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), Carine Schwingel explica como a gravação do Miss RS em Estrela é estratégica para o turismo no município. O objetivo é que a ação atraia pessoas de fora gerando resultado econômico. “Queremos que esses turistas aproveitem o comércio e os serviços”, explica.

Além de turistas, o município também quer atrair investidores do setor. “A Cascata da Santa Rita, por exemplo, é um ponto turístico que não está preparado estruturalmente para receber os visitantes. Precisamos chamar investidores para fazer uma parceria público-privada”, completa Carine.

São 13 candidatas que disputam o sonho de ser a representação gaúcha no Miss Brasil 2021, em novembro. O concurso será gravado em diversos pontos turísticos da cidade até domingo, 26, e apresentado em cinco episódios pelas redes sociais do Miss Universo RS, entre 29 de setembro a 2 de outubro. A vencedora só será revelada no dia da transmissão do último episódio, transmitido pelo canal do Miss Universo no YouTube, em 3 de outubro.

A candidata do Vale

Na expectativa para conquistar mais um Miss RS, o Vale aposta na sua única representante, a estudante de biomedicina, Eduarda Bizarro Capelão, escolhida Miss Taquari. Sua motivação ao se inscrever no concurso foi a oportunidade de representar a cidade natal, e encara a experiência com responsabilidade. “Me sinto muito honrada em representar não só minha cidade, mas também todo nosso Vale”. Ela acredita que, entre os benefícios do concurso estão a visibilidade e novas oportunidades na vida profisisonal.


ENTREVISTA

Bianca Sheren • Miss Rio Grande do Sul

“O desafio é também mostrar que a miss é um ser humano real”

• De Estrela, Bianca é a atual Miss RS e foi top 5 no Miss Brasil. A modelo fala sobre a responsabilidade de ter representado o estado no concurso nacional e o sentimento de passar a coroa na cidade natal.

• A Hora: O que te motivou a se candidatar aos concursos de beleza e como chegou ao Miss RS?

Bianca Scheren: Eu trabalhei como modelo desde muito nova. Participei de alguns concursos, mas acabei deixando essa parte da minha paixão de lado para me dedicar 100% à carreira de modelo. Aos 13 anos participei de um concurso escolar, em que fui rainha estudantil. Foi o último. Depois disso, viajei pra fora, morei na Argentina, em Milão. Quando voltei, recebi o convite para representar Estrela no Miss RS. Era uma experiência muito nova pra mim, é um concurso muito grande, algo que eu nunca tinha participado. Mas sempre fui de me aventurar na minha vida, então decidi aceitar.

• Qual é o desafio de ser miss e de representar o estado no Miss Brasil?
Bianca: O desafio de ser miss são vários, começando com toda a preparação e responsabilidade de representar um estado como o RS que é super tradicional em concursos de beleza. O desafio é também mostrar que a miss é um ser humano real. Pode parecer clichê, mas atrás de uma faixa, de uma coroa existe uma pessoa real e que está ali para falar de assuntos reais e se mostrar real. Representar o RS no Miss Brasil em 2019 foi simplesmente incrível, eu não consigo descrever como foi representar um estado que amo muito.

• O que significa para você que o concurso está sendo gravado em Estrela? E quais benefícios acha que trará ao município? 
Bianca: Significa muito, principalmente por ser a cidade que eu amo, que nasci e cresci, que me apoiou muito, principalmente nos dois anos em que decidi participar do Miss RS. Significa muito poder passar a faixa para a minha sucessora no lugar onde sempre foi o meu refúgio, mesmo morando hoje em São Paulo. E acho que o concurso trará divulgação ao município, principalmente agora que ele está crescendo, investindo no turismo.

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