“A imensidão do universo coloca nossa existência em perspectiva”

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“A imensidão do universo coloca nossa existência em perspectiva”

Jamile Fritzen, 26, natural de Lajeado, é formada em Física e atualmente mora em Porto Alegre, onde concluiu o mestrado em Astrofísica pela Universidade Federal do RS. Curiosa e questionadora desde criança, viu na Astrofísica uma forma de compreender melhor o universo.

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“A imensidão do universo coloca nossa existência em perspectiva”
(Foto: Arquivo Pessoal)
Lajeado

O que te motivou a querer entrar nessa área de estudo?

Sempre fui muito curiosa e adorava resolver problemas/desafios. Mas o “clique” só veio quando eu estava no ensino médio e fui premiada em uma olimpíada de Astronomia (OBA). Por causa da premiação, eu e alguns colegas também premiados)começamos a estudar Astronomia juntos. Quanto mais eu estudava, mais interessada eu ficava. E aí eu decidi que era isso que eu queria fazer. Tenho algumas memórias de quando eu era criança, que comecei a me questionar se o Universo era finito ou infinito, e passei horas no sofá tentando imaginar qualquer uma das possibilidades. Meu cérebro nunca foi capaz de imaginar nem que o Universo era finito nem infinito. E isso acontece muito na Astrofísica. Pra algumas coisas a gente tem a resposta (através de contas e evidências), mas mesmo assim nem sempre conseguimos visualizar. E isso é fantástico.

Recentemente você concluiu seu mestrado em Astrofísica. Quais são os próximos passos na carreira?

Por padrão, quando se termina o mestrado em Astrofísica a pessoa ingressa no Doutorado porque para ser um cientista/pesquisador na área essa é a exigência mínima. Porém esse é um caminho longo, muito desgastante e não muito valorizado. Quantas vezes já ouvi o famoso “mas tu só estuda?”. No meio do meu mestrado eu decidi que não seguiria para o doutorado. Durante a pesquisa eu descobri outra coisa que eu gostava muito, que é programar. Agora a minha ideia é entrar no mercado de trabalho de programação. É uma área bem valorizada e para a qual as pessoas com formação em Astrofísica estão bem preparadas.

Além da teoria, tiveste algum grande aprendizado estudando astrofísica que levas para a vida?

Eu acho que estudar Astrofísica nos faz ver a vida de maneira diferente. A imensidão do universo coloca nossa existência em perspectiva, e isso é algo que levarei para a vida. Quando a gente estuda o que há fora da Terra vemos o quão pequenos e insignificantes nós somos. E ao mesmo tempo, quão especiais somos, por, mesmo com tudo que conhecemos, não termos encontrado nenhum outro lugar que abrigue vida.

Qual foi a parte mais difícil e a mais gratificante desses anos de estudo?

Parte mais difícil e de certa forma mais gratificante também: ter que resolver problemas e achar explicações para coisas que ninguém no mundo sabe a solução. Na pesquisa a gente está sempre buscando descobrir algo novo. E quando analisamos os dados, as coisas nem sempre são como a gente esperava que fossem. E aí temos que procurar se tem um erro nos cálculos, se a análise está equivocada, ou se no fim das contas aquele sistema realmente se comporta de forma diferente do esperado. Quando eu falo sobre astronomia para as pessoas eu vejo que a grande maioria tem uma grande curiosidade e quer saber mais, então acho que ter o conhecimento para poder explicar as coisas para essas pessoas é uma das coisas mais gratificantes que esses anos me deram.

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