Em dez anos, 61% das mortes no trânsito de Lajeado foram em rodovias

SEMANA DO TRÂNSITO

Em dez anos, 61% das mortes no trânsito de Lajeado foram em rodovias

Estudo inédito lançado ontem pelo Detran analisou acidentes em 50 municípios gaúchos com trânsito perigoso. No ranking de acidentes fatais, Lajeado é a 32ª cidade e Teutônia a 39ª

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Atualizado sexta-feira,
24 de Setembro de 2021 às 15:56

Em dez anos, 61% das mortes no trânsito de Lajeado foram em rodovias
(Foto: Arquivo A Hora)
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Elaborar políticas de prevenção a acidentes de trânsito de forma assertiva. Esse é o principal objetivo do “Diagnóstico da acidentalidade dos municípios”, divulgado ontem, 23, pelo Departamento de Trânsito do RS (Detran). Os dados são do período entre 2010 e 2019.

A partir da análise dos dados, é possível identificar que, em nível estadual, mais de um terço dos acidentes fatais ocorrem no período da noite e da madrugada. Motociclistas representam 41% dos mortos no trânsito gaúcho (ver comparativo) e mais da metade dos óbitos por atropelamento são de pessoas idosas.

Neste momento, o Detran-RS trabalha no cruzamento dessas informações com os índices de mortes por rodovia. A compilação das duas bases de dados foi um pedido do governador Eduardo Leite ao órgão. O intuito é refinar a análise e fornecer os estudos aos municípios. Com isso, promover atividades conjuntas entre forças de segurança, e governos municipais e estadual em busca de reduzir as ocorrências.

Maioria dos óbitos são em rodovias

Nos dois municípios do Vale do Taquari contemplados pelo estudo, as características são diferentes. Enquanto Teutônia concentra a maioria das mortes nas ruas da cidade, Lajeado tem mais óbitos nas rodovias.

Em Teutônia, das 53 mortes, 11 foram na ERS-128 (Via Láctea) e cinco na RSC-453 (Rota do Sol). Em seguida, estão as ruas Carlos Arnt (4), Um Leste (4). O perímetro urbano de Teutônia concentra 65% dos acidentes fatais.

Já em Lajeado, 49 mortes foram na BR-386. A ERS-130 teve 26 mortes e sete mortes foram RSC-453. As três rodovias representam 61% dos óbitos. Fora das estradas, as avenidas Beira Rio (6) e Benjamin Constant (6) são as vias com mais mortes.

Perfil das mortes no trânsito

Em Lajeado, morreram 110 homens (82,7%) e 23 mulheres (17,3%). A natureza dos principais acidentes fatais no município é colisão frontal ou traseira (33,8%), atropelamento (28,5%) e colisão lateral (20%).

Quanto ao perfil geral das vítimas, em Lajeado, 69% dos homens que tiveram óbito eram condutores dos veículos no momento do acidente. Já as mulheres, 43% eram pedestres e outras 17% estavam na condição de passageiras de veículos. A maioria das mortes é de pessoas entre 18 e 24 anos e 41% das mortes foram no turno da noite.

Já em Teutônia, 34 óbitos foram de homens (64,2%) e 19 de mulheres (35,8%). Em relação aos tipos de acidente, os mais recorrentes são colisões frontais ou traseiras (36%), atropelamentos (20%) e colisão lateral (14%).

Identificou-se que 85% dos homens que faleceram eram os motoristas no momento do acidente. Já as mulheres, 37% eram pedestres e 21% estavam na condição de passageiras de veículos. A faixa etária com mais óbitos é de 25 a 34 anos. Quanto ao turno, o percentual de mortes durante a tarde e a noite são idênticos em Teutônia e representam 32%.

“A BR-386 é a rodovia da morte”

Estudo inédito divulgado na Semana Nacional do Trânsito visa fornecer subsídios para implementação de políticas públicas. Para Bacci, os recursos são escassos e, por isso, as ações devem ser pontuais.

• A Hora: Quais são as principais conclusões da pesquisa?
Enio Bacci: Nunca um estudo tão amplo foi feito pelo Detran. Analisamos mais de 200 mil acidentes analisados, nesses dez anos. Existem acidentes com mortes, lesões corporais e danos materiais. Chegamos a muitas características personalizadas de cada município. Cada local, tem um padrão de acidente.

• Como o estudo pode ser utilizado na previsão de mortes?
Bacci: Quando se fizer algum tipo de ação para prevenir acidente os municípios vão ter esse tipo de estudo. Poderemos agir, clinicamente, porque os recursos são escassos. Quando se faz um curso de qualificação, campanhas educativas, temos que atingir o motociclista, trabalhar os pedestres, há um número grande de atropelamentos, a maioria de idosos. E a ação ostensiva, a blitz, a ronda, a balada segura, tem que ocorrer a noite porque no estudo mostra que 35% a 40% dos óbitos ocorre entre a noite e a madrugada. São vários apontamentos que não servem apenas como estatística, mas como instrumento para definir prioridades.

• Qual foi o critério utilizado para escolher os municípios pesquisados?
Bacci: Foram os 34 do RS Seguro, onde está Lajeado. E acrescentamos mais alguns para chegar a 50 pela incidência de acidentes. No caso do Vale, Teutônia.

• Em relação a Lajeado e Teutônia, o que se pode tirar desses dois casos em relação aos 50 municípios estudados?
Bacci: O governador Eduardo Leite solicitou ontem um estudo mais detalhado. A ideia do Estado é cruzar esse estudo, com outros dados que estamos aprontando que é as rodovias onde ocorreram mais mortes no RS. As estradas federais, estaduais e municípios. Com esse cruzamento, o governo vai propor uma política de melhoramento das rodovias em áreas de risco, como aquelas curvas perigosas em Marques de Souza, Fontoura Xavier. O estudo será divulgado nos próximos dias. Entre as rodovias federais, a BR-386 é a rodovia da morte. Mais uma vez, é a rodovia que mais morreu gente nos últimos cinco anos.

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