Os hospitais

Opinião

Hugo Schünemann

Hugo Schünemann

Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (Cron)

Os hospitais

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Os primeiros registros que temos de casas de saúde são de 430 AC, no atual Sri Lanka, no sul da Ásia. Em 200 AC, na Índia, foram criadas instituições para tratar doenças semelhantes. Na Europa, foram os romanos, cerca de 100 AC, que criaram espécie de enfermaria para cuidar de soldados feridos em batalhas. A expansão dos hospitais, entretanto, se deu a partir da expansão do Cristianismo, após o século IV. Durante a Idade Média, as ordens religiosas lideraram a criação de hospitais.

No Brasil, o primeiro hospital data de 1540, em Olinda, destruído pelos holandeses em 1630. O mais antigo é o Santa Casa da Misericórdia dos Santos, SP, erguido em 1543. Na falta de médicos, na época, os pacientes eram atendidos pelos jesuítas. Muitas vezes servindo como depósitos de enfermos, em outras, como forma de fazer ação social, os hospitais foram de desenvolvendo no Brasil, com toda a sorte de dificuldades que se possa imaginar.

Por outro lado, o atendimento médico para as enfermidades era simples e o equipamento disponível precário. Se por um lado, antes do século XVIII, os hospitais eram ‘’morredouros’’, isto é, lugares em que pessoas enfermas eram colocadas para morrer, apartadas da comunidade, por outro a medicina como um todo era extremamente limitada na compreensão das doenças e nas alternativas de tratamento.

Com a Revolução Industrial, a partir de 1750 houve uma implementação de conceitos e ações na área de higiene e saúde pública. E neste conceito surgiram o que chamamos de hospitais modernos. Hoje, as instituições de saúde tratam doenças de todos os tipos, com intenção de cura ou manutenção. A compreensão que temos das doenças hoje, de seus ciclos e formas de se apresentar são inimagináveis há poucas dezenas de anos. Ao compreendermos as doenças, possibilitamos o surgimento de meios de diagnósticos melhores e mais precisos. Ao fazermos diagnósticos melhores, mais claros e mais precoces, podemos tratar antes as doenças e melhor. Tratar melhor significa tratar mais e com mais resultados.

Os hospitais de hoje são centro de alta tecnologia, datadas de equipamentos que valem fortunas e que são manejados e usados por corpo técnico altamente qualificado. Lembro bem das conversas que tive com o Dr. Werner Schincke, sobre como era a medicina possível, no começo de sua carreira e de como estamos fazendo ciência hoje, no dia a dia dos hospitais. O contraste é impressionante.

A recente pandemia da covid-19 mostrou isso. A rapidez como conseguimos compreender a doença e seus mecanismos patológicos, só foi possível pelo aparato tecnológico disponível para dar suporte à vida e para estudar os efeitos do mesmo no organismo. Até onde sei, nunca na história da civilização, uma doença nova foi tão rapidamente enfrentada, compreendida, tratada e vacinada. É claro que houve a trágica perda de um grande número de vidas. Cerca de 600 mil (não há na história do Brasil, um número tão exorbitante prévio, numa doença) perderam a vida. Mas se não tivéssemos nossos hospitais equipados, UTIs equipadas, métodos diagnósticos adequados e, sobretudo, equipe de saúde altamente capacitada, quantos milhares a mais teriam perdido a vida?

Sim, as instituições de saúde são casas de ciência, de progresso, de tratamento e de acolhimento. São parte vital em nossa sociedade e devem continuar a ganhar a atuação necessária, para continuar a desempenhar seu papel.

No fundo, a mais importante missão da vida é viver. E as instituições de saúde nos ajudam a viver.
Viver, plenamente.

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