Fadinha e os heróis efêmeros

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Fadinha e os heróis efêmeros

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Atualizado sábado,
14 de Agosto de 2021 às 11:41

Lajeado

Recentemente tivemos a oportunidade de acompanhar o maior evento esportivo da terra: As Olimpíadas. A reunião dos melhores atletas do planeta em um mesmo espaço e ao mesmo tempo. O Brasil alcançou seu melhor desempenho conquistando vinte e uma medalhas (sete de ouro; seis de prata e oito de bronze) sem dúvida um bom resultado para um país que só se preocupa com o esporte de quatro em quatro anos.

Vimos surgir uma heroína, a Fadinha, Rayssa Leal, com seus treze anos, tão jovem e já alcançando os espaços mais altos do Monte Olimpo. Ficamos empolgados com os feitos de nossos conquistadores, nossos heróis, que segundo o dicionário Aurélio são: homens e mulheres extraordinários pelos feitos guerreiros, valor ou magnanimidade.

Os heróis estão no imaginário popular como sendo os que são capazes da realização de grandes feitos, proezas inimagináveis aos “meros mortais”. Dadas as limitações impostas aos atletas brasileiros não me resta dúvida de que os feitos são louváveis, porém o que me intriga é quanto tempo estarão na nossa memória, quanto a empolgação será efêmera, pouco duradoura, passageira.

Nesta última semana as capas dos periódicos trouxeram algo dos nossos heróis? Entre uma Olimpíada e outra quem lembrará da Fadinha? Temos uma tradição, se assim se pode dizer, de privilegiar o futebol, este sim, a cada dia da semana presente nos canais de televisão, emissoras de rádio, redes sociais, jornais e por aí vai e mais, com “gordos” investimentos. Para os demais esportes a escuridão, a distância dos holofotes, a falta de patrocínio, o esquecimento, muito embora, quando chegam as competições, se queira que os resultados, as medalhas, surjam.

Como reverter esta situação? Inserindo a cultura do esporte como política pública perene nos espaços escolares? Poderia ser uma alternativa, mas para isto teríamos de investir nas escolas para que estivessem equipadas em termos de estrutura física e com profissionais aptos a iniciar nossas crianças nas diferentes modalidades.

O Brasil está disposto a promover esta mudança de cultura? Colher sem semear é possível? Mesmo que, eventualmente tenhamos o surgimento de alguns heróis, sem investimento em educação, e estes serão efêmeros.

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