Adversários na eleição viram aliados no governo

ESTRELA

Adversários na eleição viram aliados no governo

Comandante César, derrotado no pleito de 2020, aceitou convite de Elmar Schneider para assumir a nova Secretaria de Administração e Segurança Pública. Trabalho deve iniciar na próxima semana. Município ainda não confirma indicação

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Adversários na eleição viram aliados no governo
Comandante César foi o terceiro mais votado na eleição para prefeito. Agora, ocupará pela primeira vez um cargo na administração pública (foto: aquivo A Hora)
Estrela
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Derrotado nas eleições municipais em 2020, César Augusto Pereira ingressará na administração municipal nos próximos dias. Comandante César, como ficou conhecido no pleito, será o titular da pasta de Administração e Segurança Pública, cuja nomenclatura foi alterada após aprovação de projeto de lei na câmara de vereadores.

A indicação de César para o cargo ainda não foi oficializada pelo governo de Estrela, mas ele mesmo confirmou à reportagem que aceitou um convite do prefeito Elmar Schneider, seu adversário nas urnas no ano passado. A tendência é que ele comece a atuar na secretaria na próxima semana, após tomar posse em solenidade interna.

Aos 53 anos, César terá sua primeira experiência na administração pública. Militar reformado, espera utilizar sua experiência adquirida na Brigada Militar em prol da comunidade. “Aceitei o convite por acreditar que posso fazer algo de bom para o município que escolhi para residir. Pretendo atuar da forma mais honesta e transparente possível”, afirma.

Atuação política

César estreou em eleições justo disputando o cargo de prefeito da segunda cidade mais populosa do Vale. Para isso, filiou-se ao MDB, partido do ex-prefeito Rafael Mallmann. “Foi um convite inesperado, pois sequer era filiado na época. E considero uma experiência muito boa, pois também não era muito conhecido na cidade”, destaca.

Antes de aceitar o convite, ouviu a executiva do MDB, mas ressalta que se trata de uma decisão pessoal. “Foi bem tranquilo quanto a isso. Eles aceitaram e eu sigo filiado ao partido”, frisa. César ainda garante não pensar no futuro político e que o foco é fazer uma boa gestão no governo.

Três décadas de Brigada Militar

Natural de Santa Maria, César atuou por três décadas na Brigada Militar. Começou em Viamão. Depois, atuou no 9º Batalhão de Polícia Militar, sediado no Centro de Porto Alegre. Ingressou no Batalhão de Choque, que virou o Batalhão de Operações Especiais (BOE), atuou por oito anos no Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e foi diretor do Presídio Central de Porto Alegre.

Casado com uma estrelense, César veio para o Vale do Taquari em 2010, logo após o nascimento do primeiro filho. Atuou em Lajeado e Estrela, trabalhou por dois anos e meio na Secretaria Estadual de Segurança Pública no governo de José Ivo Sartori, onde saiu como coronel e se aposentou.


ENTREVISTA

César Augusto Pereira, futuro secretário de Administração e Segurança Pública

Comandante diz que, primeiro, será necessário conhecer os servidores e a situação atual da secretaria para projetar ações. Questionado sobre possíveis críticas por assumir cargo no governo de um adversário da eleição passada, considera-as injustas e que nunca tratou políticos como inimigos.

“Temos pontos de convergência com a atual gestão”

A Hora: Assim que tomar posse como secretário, quais serão suas primeiras ações?

Comandante César: Primeiro tenho de me inteirar e conhecer a situação atual da secretaria. Obviamente tenho algumas ideias, mas é necessário ouvir os servidores que atuam na pasta. Quero que eles me conheçam. Vamos buscar muito diálogo. E, aí sim, fazer algo que é do meu estilo, que é transformar esse diálogo em projetos e fazê-los sair do papel.

Como você avalia os primeiros meses desta gestão?

César: Temos pontos de convergência. Algumas ações feitas vão de encontro ao que defendíamos, como pavimentação das estradas do interior e proteção aos animais. São iniciativas positivas que ninguém da comunidade deve criticar.

Quando você concorreu em 2020, estava nos planos, caso eleito, criar uma secretaria de Segurança Pública?

César: De certa forma, sim. Pensávamos mais num departamento, uma forma mais fácil de se integrar à Brigada Militar, Polícia Civil, órgãos federais. E, para não onerar os cofres públicos, faríamos uma diminuição de secretarias, como ocorreu nesta gestão. Mas esta iniciativa do governo em colocar junto da pasta da Administração me pareceu uma medida bem inteligente.

O fato de um candidato a prefeito derrotado na eleição anterior aceitar um cargo na nova gestão causa estranhamento na população. Como você lida com possíveis críticas?

César: Sempre impus, desde o início da campanha, que não faria ataques a nenhum dos candidatos, nem ofensas. Eramos adversários, não inimigos. E não é porque fui derrotado que tenho de virar um opositor ferrenho e criticar tudo o que é feito por ser oposição. É injusto e errôneo falar que já estava arranjado. Não entra na minha cabeça uma coisa dessas.

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