“Libras é uma língua viva e está em constante mudança”

Abre aspas

“Libras é uma língua viva e está em constante mudança”

O contato com alunos surdos despertou em Daiane Kipper, 35, o desejo de aprender Libras. Ensina desde 2010 a Matemática para esse público. Em 2013 ingressou no Mestrado em Educação e se especializou em educação de surdos. Hoje é professora de Exatas e Libras nos cursos de graduação na Univates e de surdos na rede estadual

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“Libras é uma língua viva e está em constante mudança”
Foto: Arquivo Pessoal
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Por que estudar a língua de sinais?

O meu interesse por Libras se deu quando fui trabalhar em uma escola referência em educação de surdos, no ano de 2010 com os componentes de Física e Matemática. Nesta escola, alunos surdos do Ensino Médio são incluídos em turmas ouvintes e junto deles professores que atuam como intérpretes. Esta foi a minha primeira experiência com a língua e com a comunidade surda. Neste ano fiz um curso nível básico ofertado pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação. Concomitante com o curso, praticava a língua de sinais com os alunos, estes foram e são meus professores, pois é no contato com os nativos falantes da língua que colocava em prática o que aprendia no curso. Libras era é para mim uma língua encantadora, após o curso sentia vontade aprender mais e por isso todos os dias, em sala de aula, tentava me comunicar com eles por meio das explicações dos conteúdos e conversas paralelas.

O que Libras significa pra ti?

Libras para mim é algo que vai além da formação, ela compõe a minha vida enquanto pessoa e professora. A Daiane que hoje existe não é a mesma que encontrou com esses alunos em 2010. A minha forma de pensar e agir, mudou totalmente. O meu olhar é atraído pela diferença e me preocupo em atender a diferença com respeito e sempre prezando por uma inclusão que não os normatize e sim que valorize a potência de vida que existe em cada um.

Como é o trabalho que desenvolve na educação básica, na universidade e como intérprete?

Na Educação Básica atendo alunos surdos em sua primeira língua, para isso preciso estar em constante aprendizado, tanto em relação a língua quanto em relação às metodologias de trabalho em sala de aula. Libras é uma língua viva e está em constante mudança, sempre há sinais novos e sinais que se modificam com o tempo. Na Univates, abriu a possibilidade de uma nova experiência no ano de 2019, quando comecei a trabalhar como professora de Libras para turmas dos cursos de graduação. Como intérprete tenho prestado trabalho para universidades, eventos culturais, palestras, tradução de sala de aula, TVE, entre outros trabalhos. Ser intérprete de Libras não é o mesmo que ser professor, pois são atividades distintas e ambas as funções requerem formação. Como intérprete, preciso estudar e estar atenta ao significado de cada sinal para as traduções que são feitas de forma simultânea. Sempre que posso, procuro acessar o conteúdo antes da tradução para assim poder realizar o trabalho com qualidade.

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