Inflação de insumos industriais é a maior desde 2014, aponta IBGE

Custo de produção

Inflação de insumos industriais é a maior desde 2014, aponta IBGE

Índice de Preços ao Produtor acumula alta de 36,8% em um ano. Escassez de insumos, aumento da demanda, além da elevação nos preços da energia e dos combustíveis, interferem sobre as empresas. Para a CIC-VT, momento complexo traz impactos sociais, com aumento da desigualdade

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Inflação de insumos industriais é a maior desde 2014, aponta IBGE
Cenário de aumento nos custos de produção interfere sobre planos de expansão das empresas, avalia a CIC-VT (Foto: Divulgação)
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Os preços à produção industrial subiram 1,31% em junho. O resultado interfere sobre as condições das empresas e com a empregabilidade, avalia o presidente da Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari, Ivandro Rosa.

Neste ano, de janeiro até julho, a elevação foi de 19,1%. Quando se olha um pouco mais para trás, para os últimos 12 meses, o resultado é ainda mais preocupante, com 36,8% de elevação. Nos dois percentuais, se tratam dos maiores valores acumulados desde o início da série histórica, iniciada em 2014.

Os dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP ). O indicador mede a variação dos preços de produtos às fábricas, sem contar impostos e fretes. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Estamos em um momento de muitos desafios. Há diversas indústrias suspendendo ampliações devido a essas dificuldades”, diz Rosa. De acordo com ele, os aumentos das indústrias ainda encontram um mercado restrito. “Se as empresas repassarem esses custos, se percebe que os consumidores não estão dispostos a pagar mais.”

Como a tendência para os próximos meses apontam para continuidade deste cenário de elevação nos custos, há uma dificuldade das indústrias estabelecerem planos para médio e longo prazo. “No curto, a preocupação é com a sobrevivência dos negócios”, realça Rosa.

Os motivos para a elevação nos custos às fábricas estão na escassez de matéria-prima, em especial os metais, na alta demanda por esses itens, o que inflaciona os preços, junto com a revisão nas tarifas de energia elétrica e a cotação do combustível no mercado internacional.

Custo de vida

Junto com essas condições adversas na cadeia produtiva, há um impacto à renda das famílias. Na avaliação do presidente da CIC-VT, todo o desacerto nos preços, seja às indústrias quanto no custo de vida, amplia a desigualdade social. “O assalariado está passando mais dificuldades. Com menos dinheiro, a economia regional também é afetada”, avalia.

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Pncba), feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), corrobora a crescente elevação nos custos de vida.

Na lista de 13 itens básicos à sobrevivência de uma família, a cesta básica ficou 25% mais cara no RS. A inflação no mesmo período, calculada pelo IBGE, foi de 9,2%. Significa que os alimentos básicos, como feijão, arroz, óleo de cozinha e carnes, subiram quase três vezes mais do que a inflação.

A Pncba foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é feita em 17 estados e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos.

O banco de dados da pesquisa apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para comprar a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.

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