O macaco e a saúde

Opinião

Hugo Schünemann

Hugo Schünemann

Médico oncologista e diretor técnico do Centro Regional de Oncologia (Cron)

O macaco e a saúde

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Lajeado
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Os macacos são os primos que vieram das florestas. A alimentação é variável, carne (pequenos animais, insetos) folhas, frutas e sementes. Por comerem frutas e sementes, são dispersores destas e, portanto, semeiam sementes de plantas ao longo de seus caminhos na floresta. Sua importância nesta atividade é imensa.

Agora os macacos recebem mais uma função. Macacos são nossos guardiões na floresta, avisando quando a febre amarela está por perto.

Grande problema no Brasil no passado, a febre amarela ainda ocorre em regiões rurais ou de florestas, pelo país a fora. Causado por um vírus, que vive na glândula salivar de um mosquito comum nessas áreas, o Haemagogus.

Este mosquito vive nas copas das árvores onde pica os macacos (apenas as fêmeas), contaminando-os. Os macacos adoecem e morrem.

Aos encontrarmos macacos mortos, basicamente bugios, acende um alerta, que nos indica que a região do entorno tem circulação do vírus e, portanto, a população humana deve ser protegida.

A vacina já existe há tempos, é eficaz, segura e está disponível em todo o Brasil. Assim, no momento em que os macacos mortos forem achados, autoridades devem ser avisadas.

Não! Não espante ou mate os macacos. São importantes termômetros para avaliar determinadas regiões.

Em 2008/2009, tivemos no estado surto de febre amarela com cerca de 30 casos confirmados e 10 óbitos. Esta situação demandou grande esforço de vacinações por parte das autoridades, nas áreas atingidas, para conter o surto. Todos os casos foram contraídos em zona rural.

O último caso de febre amarela urbana é de 1942. Desde então, todos os casos ocorridos no Brasil foram em zona rural ou áreas de floresta. A preocupação que existe é que a doença possa migrar das áreas onde é comum (chamadas de endérmicas), para os centros urbanos, pois o mosquito Aedes Aegipty, tão comum em nossas cidades, é potencial transmissor dessa doença.

O Aedes é um mosquito que já inferniza os brasileiros, transmitindo a dengue, a zica e a chikungunya.

Considerando isso, todo o cuidado é pouco com a doença. Toda a atenção deve ser dada ao macaco, pois é ele que vai nos avisar quando o problema está presente. No momento, boa parte da Serra Gaúcha e Região dos Vales está sob atenção e as autoridades já tomam as medidas cabíveis.

O combate ao mosquito, com as recomendações já conhecidas, é sempre importante para o controle desta e de outras doenças. O cuidado pessoal, com roupas que não exponham o corpo e uso de repelentes, é recomendável nas áreas de risco. Observar os macacos é altamente estratégico em tempos de hoje. Por fim, eles podem salvar vidas.

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