O Cristo e o romantismo

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O Cristo e o romantismo

Por

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A obra do Cristo Protetor de Encantado é, acima de tudo, um grande negócio. Um dos principais objetivos do aparato que envolve o extraordinário empreendimento comunitário é gerar renda para os empreendedores capitais, que investiram e arriscaram os próprios CPFs e CNPJs com altos empréstimos, e, como consequência, a estátua tende a gerar excelentes oportunidades, muita riqueza e melhor qualidade de vida para toda a comunidade regional. O apelo religioso e de voluntariado existe, é claro, e sem ele o sucesso da empreitada restará comprometido. Mas o Cristo Protetor de Encantado também é um produto do mercado. E não há problema algum nisso.

O Cristo e o romantismo II

O desafio de construir a maior estátua do Cristo da América do Sul já foi praticamente superado. Restam apenas algumas toneladas de ferro e concreto. Mas o desafio de gerar dinheiro e qualidade de vida aos empreendedores e à comunidade regional (ou mesmo nacional) está apenas iniciando. É preciso falar mais sobre as oportunidades e, acima de tudo, falar sobre os possíveis entraves motivados pelo excesso de romantismo e até ressentimento por parte de alguns atores. Sozinho, o Cristo Protetor não vai gerar dinheiro para a comunidade. Para se tornar sustentável e gerar riqueza para terceiros, é preciso fomentar e facilitar os mais variados empreendimentos no entorno.

O Cristo e o romantismo III

A ideia incipiente de preservar toda a mata exótica no entorno e nas proximidades do Cristo Protetor, impedindo o surgimento de empreendimentos mais próximos à estátua, pode ser o primeiro erro crasso. Se levado a ferro e fogo pelos agentes que possuem a caneta na mão, todo o sonho de revolucionar o turismo regional e gerar riqueza para todo o Vale do Taquari pode cair por terra. A estátua do Cristo Protetor não vai gerar renda para a cidade por si só, reforço. Precisamos de hotéis, parques, restaurantes, pubs, pousadas, paradouros e lojas próximas ao topo do Morro das Antenas. Precisamos de vida no entorno, sob o risco de isolarmos o nobre monumento.

O Cristo e o romantismo IV

É claro que é preciso preservar o verde no entorno, evitar empreendimentos que “escondam” o Cristo Protetor do público, e não deixar o negócio descambar. É preciso fomentar o empreendedorismo sustentável. Mas é preciso ficar atento para não ultrapassarmos a linha da sustentabilidade e avançarmos para o proibicionismo romântico e inconsequente. É possível, sim, investir alto e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente. Aliás, é necessário investir alto e preservar o meio ambiente. A estátua não se sustenta por si só, reforço. E o entorno, da forma como está hoje, tampouco auxiliará no sustento e no sonho de gerar riqueza para a cidade.

O Cristo e o romantismo V

Vamos abrir os olhos. Se não olharmos para o entorno do Cristo Protetor, estaremos fadados a ver todo o lucro e as projeções de riqueza se dissipando para a Serra Gaúcha. Os agentes serranos não perderão a oportunidade de trazer turistas até o Vale do Taquari, e, após os 90 minutos médios de visitação à estátua, os levar de volta para almoçar, jantar, se hospedar e gastar nas cidades serranas. E diante das propostas de novas ligações com as regiões que historicamente são mais preparadas para o turismo, o Vale precisa se armar para uma disputa ainda mais acirrada pelos turistas. E eu reforço: a principal tarefa de quem possui a caneta na mão é não atrapalhar o negócio.

“Mato sem cachorro”

O governador do Rio Grande do Sul se embrenhou em um “mato sem cachorro”. Tentou agradar a gregos e troianos e, se persistir assim, acabará rejeitado por ambos. A sequência de decisões incoerentes e discursos que foram desnudados com o passar do tempo está minando a credibilidade de Eduardo Leite (PSDB) perante o povo gaúcho e brasileiro. Definitivamente, a pretensão (ou a ilusão) de ser Presidente da República não fez bem ao jovem tucano. O preço da ilogicidade é alto.

Código de Ética

Em Encantado, o vereador Diego Pretto (PP) encaminhou um pedido de providências ao plenário para que seja instituída a “Comissão Especial para discussão, a organização e a proposição para o Plenário da Casa do Código de Éticas e de Posturas da Câmara Municipal de vereadores de Encantado, proposto e aprovado na última reforma do Regimento Interno”. O objetivo é instituir o mecanismo e, respeitado o devido processo e o direito à ampla defesa e ao contraditório, processar e julgar a prática de ato de vereador que configure quebra de decoro parlamentar.

Inquéritos e cassação

Na guerra contra a covid-19, o Ministério Público de Lajeado continua atuando para tentar evitar exageros por parte de alguns estabelecimentos comerciais. Na semana passada, divulguei a abertura de três inquéritos civis para investigar a aplicação de normas sanitárias de combate ao coronavírus em três “gastropubs”, localizados nos bairros Universitário, Centro e Hidráulica. Nesta semana, foram divulgados dois novos inquéritos instaurados pelo promotor de justiça Sérgio Diefenbach.

Os processos investigam a atuação de uma danceteria às margens da BR-386, em Olarias, e também uma choperia próxima à Univates. Na semana passada, o Governo Municipal cassou o alvará de funcionamento de um “gastropub” instalado na Av. Alberto Muller. Entre as infrações verificadas, “aglomeração de pessoas com música ao vivo (banda) no ambiente externo da empresa”, e desrespeito “ao horário de encerramento das atividades”. Ainda cabe recurso.

Democracia?

O enrosco envolvendo as aulas presenciais no Rio Grande do Sul elevou o status de uma entidade até então desconhecida: a tal Associação Mães e Pais pela Democracia (AMPD). E a fama repentina tem ônus e bônus, especialmente após o impacto social, pedagógico e financeiro causado em milhões de pais e alunos com o fechamento das salas. No início do mês passado, por exemplo, a presidente da AMPD, Aline Kerber, registrou um boletim de ocorrência contra 30 pessoas na Delegacia da Intolerância, em Porto Alegre. Entre os denunciados, três jornalistas/comunicadores, dirigentes de uma escola privada do município de Farroupilha, e uma vereadora de Porto Alegre.

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