“A favorita sempre é a última que sai”

ABRE ASPAS

“A favorita sempre é a última que sai”

Natural de Estrela, Yuri Schäfer, 27, desenvolveu um amor por facas ainda na infância e iniciou na arte da cutelaria quando adolescente. Acostumado com a forja e criativo na hora da confecção das peças, o que ele mais gosta na arte são as parcerias e a possibilidade de fazer algo que ninguém nunca fez

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“A favorita sempre é a última que sai”
(Foto: Arquivo Pessoal)
Estrela

O que te incentivou a iniciar na cutelaria? Teve algum exemplo na família?

Desde os meus três anos de idade, sempre fui apaixonado por facas, eu tinha um canivete, coisa de criança. Meu pai me incentivou nos trabalhos manuais, e isso cresceu comigo. No início era mais brincadeira com madeira e depois fui descobrindo meios de transformar uma peça de aço em um objeto de valor. Meu avô era tropeiro, tinha toda aquela questão cultural da faca, do gaúcho, e isso, de certa forma, acabou me incentivando também.

Qual é a faca que fez e mais gostou?

É difícil escolher. É como tu pedir para um pai qual é o filho que ele mais gosta. Não tem como, parece que a favorita sempre é a última que sai. Mas tem facas que marcaram minha trajetória, como uma que fiz para uma das certificações da AGC. Tem outra que fiz para uma competição, tive que forjar na frente de todo mundo. Acabei arrematando essa faca num leilão. Também tem as facas que eu fiz em cursos, que tiveram um significado especial para mim. Gosto de algumas encomendas onde os clientes me deram liberdade para criar. O meu principal objetivo hoje é tentar fugir das encomendas padronizadas.

Você faz esse trabalho como um hobby ou geração de renda?

Quando eu comecei, era um hobby, porque me formei em Direito. Na época, eu estava estudando ainda, fazendo estágios. Como o salário não era alto, eu fazia algumas facas para conseguir comprar máquinas e insumos que eu precisava para a cutelaria. Para poder viajar também, conhecer as feiras, tudo envolvia dinheiro e a faca era um extra. Elas me ajudaram a crescer dentro da cutelaria que hoje é a minha principal fonte de renda. Sempre digo que o meu hobby preferido acabou se tornando a minha profissão. Eu acordo com vontade de vir trabalhar.

Existem diferentes tipos de facas. Quais são as mais produzidas?

Hoje o que a gente mais trabalha é a faca de caça e a faca gaúcha, que é o nosso carro-chefe. Temos uma cultura muito forte e essa peça é muito popular aqui. A faca de cozinha também é uma que hoje vendo bastante por ser muito funcional. Algumas facas eu faço e acabam nem sendo usadas, vão para coleções, para a parede de um colecionador, por isso tento trabalhar sempre com o conceito de joia. Tento focar mais em qualidade do que quantidade. Às vezes fico uma semana ou 15 dias fazendo uma peça.

O que te desafia na prática e o que te motiva a continuar produzindo?

Essa questão do desafio. Às vezes eu durmo pensando em uma coisa e acordo no outro dia querendo colocar em prática. Sempre tento procurar algo que ainda não fiz ou que ninguém fez. Também gosto de apresentar meu trabalho para outros cuteleiros. Tem muito essa questão de amizade. Faço a cutelaria custom, mais artesanal, onde minhas peças são mais valorizadas.

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