“Todo mundo deveria se desafiar”

Abre aspas

“Todo mundo deveria se desafiar”

De Roca Sales para as montanhas mais remotas do continente, o mecânico Jovani Blume se tornou conhecido por desbravar caminhos pouco convencionais em sua Troller 4x4. Ao completar 32 anos hoje, ele defende que se desafiar deve ser uma meta de todos

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“Todo mundo deveria se desafiar”
(Foto: Arquivo Pessoal)
Vale do Taquari

Como foi que se tornou um montanhista?
Tudo começou em um curso de escaladas em rocha que fui fazer em Curitiba, em 2014. Eu fui bem sucedido no curso, ser mecânico e ter uma 4×4, virei amigo do Pedro Hauck, que já explorava montanhas pelo continente. Em 2015, ele foi pra Argentina e teve um problema no carro. Então acabou me chamando e disse que teria de vir pra Argentina em uma semana. Como pra mim não tem tempo ruim, embarquei no meu Troller e fui pra lá sozinho. Assim começou a vida de montanhista.

Qual o lugar mais inacessível que já conheceu?
A gente chama de Puna do Atacama. Fica no Chile a mais ou menos uns 400 quilômetros longe de qualquer civilização. Quando fomos para lá fez tanto frio que o carro quebrou no meio do caminho. Chegou a congelar o anticongelante. Por sorte a gente estava em dois carros. Isso foi em 2015. Em 2016 participamos de um projeto com a Red Bull.

Fale mais sobre esse projeto.
Fomos bem sucedidos nessa expedição de 2015 e então montamos uma equipe para pedir patrocínio. Conseguimos participar do programa Andes 6K no canal da Red Bull. Ficamos 90 dias percorrendo as montanhas do Chile e Argentina. Nesse período fomos assaltados. Perdemos quase R$ 150 mil. Teve outros ‘perrengues’. Por exemplo, fomos em uma montanha onde tivemos que abrir a estrada a mão pois não havia mais acesso. Também pegamos estarda com mais de um metro e meio de neve.

Qual o local mais belo que já conheceu?
Vou te dizer que foi uma expedição de 2019 em uma região chamada Cordón del Plata, na divisa entre Argentina e Chile. Tem visão de umas montanhas muito lindas. Foi um lugar que me marcou de paisagens bonitas.

Além do montanhista, há um vídeo seu que viralizou na internet. Mostra o seu veículo afundando em um lago. Como foi que isso aconteceu?
Esse vídeo, vou te contar, não tem uma vez que não falam dele (risos). Isso aconteceu aqui em Roca Sales no terreno de um vizinho. Eu sempre ia brincar nesse lugar, mas nesse dia não sabia que haviam retirado material para fazer análises das terras. Então ele fez um buraco de quase quatro metros, ai aconteceu o imprevisto.

A repercussão foi grande?
Foi. Esses dias eu estava em Minas Gerais ajudando um amigo num workshop de fotografia. Então do nada um senhor parou na minha frente e ficou me olhando. Aí disse que me conhecia de algum lugar. Eu comecei a rir e pedi se ele não havia visto nenhum vídeo de um carro caindo na água. “Eu sabia que te conhecia”, o cara falou.

O buraco ficou mais famoso que as expedições então?
Certo, os caras lembram que caí do buraco.

Por que se desafiar e fazer essas expedições por locais pouco convencionais?
Uma das questões é que não gosto de viver nesse mundo robô. Acordar às 7h, chegar em casa às 18 e ter sempre essa rotina tradicional. O desafio me motiva, pois vejo que é possível fazer muitas coisas diferentes. Todo mundo deveria se desafiar, sair do sofá da sala e cair no mundo. Ver coisas
diferente e sentir o quanto é capaz de fazer as coisas.

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