Vulnerabilidade: Fraqueza ou Virtude?

Opinião

Jonas Ruckert

Jonas Ruckert

Diretor do Colégio Teutônia

Assuntos e temas do cotidiano

Vulnerabilidade: Fraqueza ou Virtude?

Por

Teutônia

Neste final de semana, independente da cor da bandeira que regula o modelo de distanciamento social, sabemos da importância de praticar os protocolos sanitários e observar as restrições que, gostemos ou não, devem ser cumpridas. Independente da confusão política e social que se instala em meio a toda dificuldade vivenciada pelo setor da saúde e seus profissionais, o exercício para manter-se lúcido precisa ser praticado.
Àqueles que se perguntam sobre o que fazer no sábado e domingo, concedam-me uma dica, face à reclusão que em boa medida faremos. Por sugestão da minha filha Carolina, assisti a uma palestra quase que em forma de show. Disponível em diversas plataformas, o título “The call to Courage”, com tradução literal, a chamada para a coragem, é uma oportunidade para reavaliarmos conceitos a partir de Brené Brown.

Se pudesse escolher entre zona de conforto e coragem, qual seria a sua opção? Antes de responder, permita-me compartilhar algumas evidências. Para iniciar, me valho da seguinte afirmativa de Brené: “não dá para ser corajoso sem ser vulnerável”. Mas, afinal, o que é vulnerabilidade? Segundo pesquisas da autora, é incerteza, risco e exposição emocional. Faça um exercício mental para lembrar sobre seus momentos de coragem e comprove por si mesmo a tese da autora (da minha parte assim foi) que igualmente reitera: vulnerabilidade sem limites não é vulnerabilidade.

Após 20 anos dedicando seus estudos a temas como constrangimento, coragem, empatia e vulnerabilidade, Brené concluiu que todos estes conceitos/sentimentos/situações estão interligados. A vulnerabilidade é difícil, assustadora e perigosa, mas garanto-lhe que recompensadora. Ao encontro do que já compartilhado por mim há algum tempo sobre o que escreve a geriatra Ana Claudia Arantes em seu livro “A morte é um dia que vale a pena viver”, Brown nos afirma ser muito mais difícil, perigoso e assustador chegar ao fim da vida e ter que se perguntar “e se eu tivesse me arriscado? Assim como eu, você, caro leitor, já deve saber que nada na vida dará resultado sem que corramos riscos.

Criar a cultura da vulnerabilidade, seja no contexto familiar ou profissional, exige que os envolvidos estejam dispostos a sair da zona de conforto, enxergar pontos cegos até então não questionados e, principalmente, que cada um assuma a responsabilidade para com a conscientização própria.

Convido-lhes a iniciarmos a jornada para nos tornarmos indivíduos mais vulneráveis e, por consequência, corajosos. Não nos calemos diante das conversas difíceis. Não falemos sobre as pessoas, mas com as pessoas. Estejamos abertos a feedbacks construtivos. Entendamos, que, como dito por Theodore Roosevelt, o triunfo da vitória é daquele que fracassa arriscando-se a ser imperfeito, pois este tem o mérito de ter vivido na arena.

Deixo aqui o exemplo, em forma de gratidão e reconhecimento, para com os profissionais de todas as áreas da saúde, que em toda sua vulnerabilidade tornaram-se a personificação da coragem no enfrentamento à covid. Sigamos o ensinamento prático, dentro do nosso escopo profissional e pessoal, destes heróis.

Arrisque-se! Exponha-se ao chamado da coragem. Seja a diferença!

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