Ação de fungos em imagens vira tema de pesquisa acadêmica

Estudo

Ação de fungos em imagens vira tema de pesquisa acadêmica

Tuane Eggers realizou um estudo de cocriação de imagens a partir da ação de fungos em fotografias impressas

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Ação de fungos em imagens vira tema de pesquisa acadêmica
Fotografias impressas foram expostas à ação de fungos para criar uma nova estética visual (Foto: Divulgação/Tuane Eggers)
Vale do Taquari

O interesse e curiosidade de Tuane pelos fungos vem de tempo. Ela sempre gostou de observar a transformação que eles são capazes de fazer na natureza ao decompor a matéria. Ao longo de seus anos dedicados à fotografia, os cogumelos foram protagonistas em muitas de suas imagens e serviram de inspiração para a pesquisa intitulada A Poética dos Fungos, para o mestrado em Poéticas Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentada por ela nessa terça-feira, 2.

Tuane Eggers é jornalista e mestra em Poéticas Visuais (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudo pretende pensar um outro tipo de experimentação, tendo os fungos como agentes de criação e transformação. “Propus fazer alguns experimentos de ‘cocriar’ com eles, com o desenvolvimento de novas imagens a partir da propagação de fungos sobre fotografias impressas”, explica.

Apesar de entrar no mestrado em 2018, já faz cerca de cinco anos que iniciou a pesquisa com os fungos. Na época, realizou o estudo no laboratório da Univates. Mas com o tempo, aprendeu a fazer a pesquisa em casa.
As fotos utilizadas na pesquisa foram, principalmente, registros de uma viagem para a Cordilheira dos Andes, no Peru. A escolha pelas montanhas foi uma forma de fazer uma alusão ao aquecimento global, que é perceptível nas regiões com geleiras. Com elas, Tuane compôs a série “Estudos sobre fungos & montanhas”.

“Conforme eu observava a proliferação dos fungos sobre essas fotografias, captava em outros registros o momento dessa transformação, criando novas imagens a partir disso”, explica Tuane. Nas imagens, pode-se observar novas formas e cores criadas a partir da ação dos fungos e que Tuane relaciona também com a poesia e o entendimento da vida mutável e inconstante.

Como desdobramentos da pesquisa, a artista visual também fez um pequeno filme intitulado Fluxus Fungus, disponível no YouTube e Vimeo. “Me propus a criar uma narrativa a partir dos meus escritos da dissertação e, com as imagens, compor essa obra. Chamei uma amiga que também é artista, Tiziana Scur, para trabalhar na composição de uma trilha sonora original para o filme”, conta. O trabalho dela também pode ser conferido no site fluxusfungus.com, desenvolvido a partir da pesquisa, e em seu site pessoal.

Sobre a artista

Tuane é graduada em Jornalismo pela Univates e mestra em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes/UFRGS. Seu trabalho é focado na fotografia, com temáticas relacionadas aos fluxos da natureza e à impermanência da vida.

Suas imagens já foram exibidas nos filmes “Os Famosos e os Duendes da Morte” (2010), de Esmir Filho, e “O Filme da Minha Vida” (2017), de Selton Mello. Possui cinco publicações independentes em fotolivros, sendo a mais recente intitulada “Nossos olhos abertos como nunca antes” (2019). Seu trabalho já foi exposto em países como Japão, Alemanha, Dinamarca e Rússia. Além da fotografia, também atua no campo audiovisual.

 

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