Por que você não deveria cancelar ninguém

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Por que você não deveria cancelar ninguém

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Atualizado segunda-feira,
08 de Fevereiro de 2021 às 09:22

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Será que isolamento e silêncio são boas formas de fazer alguém compreender que errou? Sim, precisamos, mais uma vez, falar sobre a cultura do cancelamento.

Talvez você não conheça o significado da expressão, mas com certeza leu ou ouviu muito sobre a tal “cultura do cancelamento” nos últimos dias. Principalmente se está acompanhando o reality show do momento.

Há alguns meses falamos sobre o mesmo assunto aqui neste espaço. Na ocasião, uma famosa influenciadora digital decidiu dar uma festa para alguns amigos, em sua casa, mesmo durante uma pandemia. Os convidados ainda registraram e compartilharam o evento nas redes sociais.

A atitude foi mal vista pelo público e a influencer teve que lidar com as consequências de ser “cancelada”. Será que ela compreendeu o erro e aprendeu a lição, ou apenas perdeu algum dinheiro e contratou uma assessoria para publicar postagens pedindo desculpa?

A “cultura do cancelamento” faz parte do vocabulário das redes sociais há alguns anos. A expressão volta a ser tema de debate sempre que algum indivíduo, normalmente uma figura pública, se destaca por um comportamento considerado errado pelo público.

O “cancelado” sofre uma onda de críticas, seguida de boicote. No caso das figuras públicas, isso pode significar a perda de trabalhos, contratos e patrocínios. Mas o que o cancelamento significa para o ser humano por trás da fama?

Ao “cancelar” alguém, nega-se a oportunidade do indivíduo compreender o erro. Não gera diálogo, portanto, não possibilita aprendizado. Logo, de nada serve. Sejamos Lucas ou Karol, famosos ou não, todos merecemos a liberdade de errar e a chance de compreender o erro, para tentar não repeti-lo.

Em declaração recente, Karol contou que “já foi ignorada por horas” e que “sua mãe lhe ensinou assim”. Cabe aqui, não um julgamento a qualquer atitude, mas a reflexão sobre como o cancelamento funciona. Karol aprendeu que essa é a forma de lidar com o erro, quando, ao errar, recebeu silêncio e isolamento. Atitude que ela perpetua com quem, na sua visão, se comporta de forma errada. Comportamento que, como figura pública, participante de um dos programas mais assistidos entre os canais de televisão aberta, ela ensina a quem a acompanha.

Ninguém nasce desconstruído. Evoluir, em qualquer sentido, é um processo de aprendizado diário. Para aprender, é preciso errar até acertar. Além disso, como seres humanos, até o mais desconstruído de nós está sujeito a falar ou fazer algo errado. Se hoje você é capaz de avaliar suas atitudes e enxergar os erros, é porque quando errou, alguém não te cancelou. Por consequência, te ajudou a evoluir.

Então, não se cale diante de um erro. Aponte. Se possível, ensine. Mas não cancele. Quando alguém não compreende o erro, certamente vai errar de novo. Assim se perpetuam ciclos que nada acrescentam a ninguém.

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