Colecionador tem mais de 60 Ataris

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Colecionador tem mais de 60 Ataris

Em tempos de videogames super realistas, o culto ao clássico dos jogos eletrônicos mobiliza apaixonados. Empresas se dedicam a criar novos jogos ao console lançado mais de quarenta anos atrás

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Colecionador tem mais de 60 Ataris
Depois de adulto, Marino passou a colecionar os videogames que não teve na infância
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Jogos hiper-realistas com gráficos cada vez mais complexos, controles com sensor de movimento e ampla variedade de jogos e fases não são exatamente os atributos buscados por Marino Muxfeldt em um videogame.
Aos cenários tridimensionais capazes de transportar o jogador para dentro de um mundo ficcional, ele prefere as relíquias, capazes de transportá-lo do quarto de casa para outro universo, o nostálgico mundo da infância.

“Eu gosto muito de Atari, mas não sou purista de dizer que o antigo é melhor. O que me atrai nos jogos retrô é a nostalgia mesmo. Eu acho que é um resgate que a gente faz da infância. Quando o cara era piá tudo era bom, não precisava pagar boleto”, diz.

Muxfeldt só teve seu primeiro videogame na idade adulta. “Quando eu era novo, não tive videogame. Sempre ia jogar nas casas dos amigos. A primeira vez que joguei foi em 1988, na casa do patrão da minha irmã. A gente morava no interior, eu nunca nem tinha visto”, recorda.

O primeiro jogo ganhou de presente da irmã, no natal de 1992, era a fita de Seaquest. Seu irmão havia comprado um videogame, que acabou sendo negociado alguns meses depois.

Hoje, Musxfeldt coleciona Ataris. Pela internet, descobriu que a prática é mais comum do que se possa maginar. É administrador de um grupo no Facebook com cerca de quatro mil colecionadores.

Neste mês, a Atari Corporation começou a entregar as primeiras unidades do recém lançado Atari VCS. A nova edição do game clássico conta com suporte a mouse e teclado, conexão Wi-Fi e foi anunciado como um híbrido entre console e PC.

Raridades

A coleção começou com um item nem tão raro, um Mega Drive, lançado em 1988. A ideia era criar uma sala com jogos retrô na empresa de computação gráfica que mantém com um sócio.

O projeto não evoluiu, o console foi para sua casa e deu início à coleção. Desde 2013, o foco é o Atari.
São mais de 60 Ataris, de todos modelos já lançados. Desde os originais, fabricados pela Atari Corporation, dos Estados Unidos, até os vários “clones”, como são chamadas as versões de marcas nacionais do clássico dos games.

O colecionador cerca de 150 cartuchos do jogo que ganhou da irmã e que ainda hoje é o mais jogado por ele. Nos grupos, tornou-se “o maluco do Seaquest”.

Das doações às peças caras

Entre as peças mais raras está um Onix Junior, clone nacional de Atari fabricado pela Microdigital, o único da época com botão de pause, que ganhou de um colecionador que conheceu pela internet.

O que tem valor para um, pode não ter para outro. Esse Onix Junior, por exemplo, pode custar até R$ 1,5 mil em sites de compra e venda.

“Tem o lado do cara com paciência, que consegue os itens com tempo. E tem o cara que está com grana e está disposto a pagar. Ja comprei itens a preço de chiclete que valem R$ 2 ou 3 mil.”

Novos jogos para antigos aparelhos

A crescente procura por games antigos fez surgir um mercado de desenvolvimento de novos jogos. São chamados de Homebrews, nome que deriva das cervejas caseiras.

Desde 2015, o músico e designer gaúcho Leandro Câmara desenvolve jogos para Atari. Hoje, vive em Portugal.

Começou colecionando cartuchos e passou a desenvolver jogos, primeiro para consumo próprio. Em 2019 recebeu a premiação internacional Atari Homebrew Awards por seu jogo Rally Racer.

“Existe um grande meio de colecionadores e entusiastas que consomem esses itens. No mercado americano, já ocorre há mais de 10 anos, com feiras e demonstrações de novos jogos para plataformas antigas. No Brasil esse cenário está se firmando”, avalia.

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