“Resgatar a história é uma perdição”

Abre aspas

“Resgatar a história é uma perdição”

Ilse Mattei lecionou na rede pública de Sério por 40 anos. Graduada em História pela Universidade de Passo Fundo (UPF), publicou três livros em que resgata o passado e conta a formação do município. Durante a pandemia, ela escreveu, em parceria com seu neto, Arthur, de 18 anos, a obra mais recente: “Nossas histórias: encontro de gerações”, que será lançada em formato de e-book

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“Resgatar a história é uma perdição”
Vale do Taquari

Como foi tua carreira como professora?
Eu comecei a dar aula em 1968 e fui professora, em Sério, até 2008. Fui nomeada para o ensino municipal e, depois, para o estadual. Eu cheguei a dar aulas para três gerações. Quando eu saí, tinha um menino na escola que estava com uns 10 anos, e eu fui professora da mãe e do avô dele, que foi da minha primeira turma. Eu dei poucas aulas de história, mais no fim da carreira. eu fui alfabetizadora, durante 10 anos. Depois, fui professora de português, geografia, educação moral e cívica, que não existe mais. Eu trabalhei bastante com projetos, que havia antigamente, como técnicas agrícolas, técnicas domésticas. Complementos que a escola oferecia há anos atrás.

Em quais colégios você deu aula?
Primeiro eu comecei em escola municipal Martim Afonso de Souza, na localidade de Araguari, no interior de Sério. Essa escola já foi desativada há muitos anos. Depois, em 1974, eu fui trabalhar na Escola Estadual Pedro Albino Muller. Nessa época, houve uma reforma no ensino que exigia qualificação dos professores. A Secretaria de Educação do Estado precisava de professores habilitados. Até ali, só tinha até a quinta série e depois começou sexta, sétima, oitava série. Eu fui fazendo meus estudos durante o verão, aos poucos, e com muito sacrifício.

Como a senhora começou a escrever livros?
O primeiro eu fiz em 2000. Esse livro, eu fiz como eu sou apaixonada pela história, pela cultura, pela leitura, eu precisava de um relato dos fatos até para a gente poder trabalhar em sala de aula. Porque Sério é um município novo, começou a administração municipal em 1993, eu já estava lá há muitos anos. Como ninguém enfrentou esse desafio, eu me prontifiquei para fazer esse resgate. E também por curiosidade minha. Em 2007, a primeira escola de Sério completou 80 anos. E como eu já tinha experiência, fiz o meu segundo livro: uma contribuição a comunidade escolar na qual eu fiz o magistério. Ela é a entidade mais antiga, pois ela é de 1927, e em, 1930 começou o cartório e a igreja matriz é de 1933. Seis anos antes já tinha a escolinha. Era uma engrenagem que um ajudava o outro.

O que te motiva a resgatar essas histórias?
Quando tu entra nesse mundo de escrever, de relatar e de resgatar a história é uma perdição. Tu continua, tu não te dá conta da dimensão. Quando tu descobre alguma coisa quer saber mais, aí busca uma fonte aqui, um registro ali, as pessoas te ajudam e a gente fica entusiasmado com essa busca. E a coisa vai se criando e, às vezes, até fogem do nosso controle. Mas é um gosto que eu tenho. Tu és responsável por aquilo que tu escreve. Se eu falar qualquer coisa contra a moral e que mágoa alguém é bem delicado, então eu sempre tive muita precaução. O bonito da história é que tu sempre encontra pessoas que te incentivam, e o incentivo é tudo. As pessoas gostam muito de contar a sua história.

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