Ameaça de nova estiagem faz produtores apostarem na irrigação

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Ameaça de nova estiagem faz produtores apostarem na irrigação

Governo do Estado distribui kits do programa Segunda Água, para gerar segurança e estabilidade na produção de alimentos

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Ameaça de nova estiagem faz produtores apostarem na irrigação
Irael Campiol, 35, investiu R$ 55 mil em sistema para irrigação da lavoura de tabaco. Agricultor de Boqueirão contratou financiamento com prazo de dez anos. Créditos: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

A projeção de chuva expressiva nos primeiros dias do novo ano não se confirmou na região. Cenário preocupante na agricultura considerando a seca enfrentada no verão passado, provocando a falta de água nas propriedades rurais e prejuízo no bolso do produtor rural.

Para dar segurança e estabilidade na produção de alimentos, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) iniciou a distribuição de kits de irrigação para as famílias beneficiárias do programa Segunda Água em municípios na região dos Vales.

Conforme o secretário Covatti Filho, essa região foi uma das mais afetadas pela estiagem no Estado, e a utilização desses sistemas reduzirá perdas no campo.

“Após a entrega, a prefeitura, junto com a conveniada Emater/RS-Ascar, levará às propriedades das famílias beneficiadas técnicos para efetuarem a instalação que vai permitir a irrigação na propriedade”, explica.

A operacionalização é feita com a construção cisternas e microaçudes e instalação de pequenos sistemas de irrigação. Serão beneficiadas 2,7 mil famílias de 68 municípios gaúchos, com investimentos de R$ 26,2 milhões.

Em Boqueirão do Leão foram entregues quatro kits. A instalação inicia a partir da próxima semana. O casal Altair dos Santos, 35, e Bárbara Ebert, 30, é um dos beneficiados. Na safra passada registraram prejuízo de R$ 1,5 mil no cultivo do milho que não produziu em função da estiagem.

“Queremos irrigar cerca de um hectare. Vamos produzir milho e feijão, além das hortaliças do consumo diário”, comenta Altair. Na safra passada a falta de chuva afetou também no cultivo do tabaco, principal fonte de renda.

Altair e Bárbara plantam 40 mil pés de fumo e pretendem reduzir gradativamente. “Esse kit do governo é um incentivo. Se der certo queremos ampliar a área irrigada e plantar alimentos para comercializar na cooperativa local”, projeta o agricultor.

O kit de irrigação por gotejamento é composto por caixa d’água de 1.000 litros, bomba d’água submersa, cabo para fiação elétrica, tubulação para condução da água do açude até a caixa d’água e até a área irrigada, filtros, registros, tubos gotejados para uma área irrigação de até 1.000m² e todas as conexões e peças necessárias para a montagem do sistema.

Investimento de R$ 55 mil

Por iniciativa própria, o agricultor Irael Campiol, 35, de Boqueirão do Leão, investiu R$ 55 mil no sistema para irrigar 50 mil pés de tabaco. A instalação ocorreu ainda durante o ciclo de 2019. “O fumo irrigado por gotejamento tem uma folha encorpada, pesa mais e apresenta melhor coloração”, explica o produtor.

Ainda falta conhecimento técnico para melhor aproveitar o sistema. “Praticamente todo o tratamento da planta é feito pela irrigação. Isso economiza tempo e reduz a quantidade de aplicações na lavoura”, destaca.
O próximo passo será encontrar o adubo adequado para incrementar ao sistema de irrigação. “Há uma carência de insumos compatíveis, mas o projeto em si é muito vantajoso”, revela Campiol.

“Estou ganhando na qualidade do fumo e, ainda resta acertar na quantidade”, reitera Irael. No ciclo atual implantou o plantio direto, fazendo a conservação do solo com resíduos vegetais.
Sobre a instalação do sistema de irrigação, explica ser um processo fácil. O investimento é através de financiamento bancário com prazo de dez anos.
“Posso usar a irrigação em outras culturas, como é o caso do milho. A etapa mais demorada foi a liberação da licença do açude, onde é feita a captação da água”, revela.

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