O milho costuma ser colhido na região a partir da segunda semana de dezembro. As espigas já formadas, agora é o período em que o grão enche. Com a chuva abaixo da média, o que se desenha para essa safra é perda de tamanho e qualidade.
Isso é o que afirma o gerente adjunto do escritório Regional da Emater\Ascar-RS, Carlos Lagemann. “Ainda é cedo para falar em prejuízos no campo. Mas, nas culturas plantadas, percebemos plantas com porte reduzido.”
Como a maior parte das propriedades da região usa o milho para silagem, a quantidade bem como o valor nutricional para alimentação animal será reduzida. “Isso faz com que o custo de produção aumente. O produtor terá de comprar ração”. Junto com isso, também há menor áreas de pastagens, afirma.
Diante da confirmação do fenômeno La Niña, agricultores com produção de soja estão atrasando o plantio, diz Lagemann. “Com o cenário que temos, talvez alguns esperem até janeiro para fazer esse investimento.”
Outra preocupação para a agricultura regional é a oferta de água para consumo animal. “Os reservatórios estão baixos. Ainda não temos notícias de falta, mas é uma tendência para as próximas semanas”, estima.
Nos últimos dez dias, a média de precipitação no Vale foi de 30 milímetros, quantidade abaixo das necessidades da agricultura. Pela previsão, o período crítico de falta de chuva será em dezembro, com uma leve melhora em janeiro.
Segunda seca em 2020
Neste segundo ciclo de plantio, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento já confirma os primeiros prejuízos para o campo. A cultura mais afetada neste momento é o milho.
Pela análise técnica da secretaria, as intempéries dos últimos quatro meses resultaram em perdas na ordem de R$ 500 milhões na lavoura do cereal. As regiões mais atingidas são o Norte e o Nordeste gaúcho. Já são 79 municípios em situação de emergência.
A falta da chuva de outubro de 2019 até março deste ano repercutiu em toda cadeia econômica gaúcha, aponta diagnóstico da Farsul. As perdas nas lavouras e nas atividades relacionadas ao agronegócio representam menos R$ 36,2 bilhões em circulação no RS.
No Vale do Taquari, as perdas em decorrência dos meses com chuva abaixo da média ultrapassaram R$ 256 milhões. Para chegar neste valor, foram considerados indicadores sobre as áreas cultivadas e nas que deixaram de ser plantadas em função da estiagem, tendo como base a cotação dos grãos no mercado. O cultivo da soja, por exemplo, teve uma quebra de 47%. Já no milho, 41% da lavoura foi perdida.