Na reta final da colheita, falta de chuva compromete qualidade do milho

Campo em alerta

Na reta final da colheita, falta de chuva compromete qualidade do milho

Média de 30 milímetros de precipitações nos últimos dez dias é insuficiente para recuperar lavouras e pastagens, avalia escritório regional da Emater\Ascar-RS

Na reta final da colheita, falta de chuva compromete qualidade do milho
Falta de chuva interfere na qualidade do milho. Colheita inicia nos próximos dias. Créditos: Filipe Faleiro
Vale do Taquari

O milho costuma ser colhido na região a partir da segunda semana de dezembro. As espigas já formadas, agora é o período em que o grão enche. Com a chuva abaixo da média, o que se desenha para essa safra é perda de tamanho e qualidade.

Isso é o que afirma o gerente adjunto do escritório Regional da Emater\Ascar-RS, Carlos Lagemann. “Ainda é cedo para falar em prejuízos no campo. Mas, nas culturas plantadas, percebemos plantas com porte reduzido.”

Como a maior parte das propriedades da região usa o milho para silagem, a quantidade bem como o valor nutricional para alimentação animal será reduzida. “Isso faz com que o custo de produção aumente. O produtor terá de comprar ração”. Junto com isso, também há menor áreas de pastagens, afirma.

Diante da confirmação do fenômeno La Niña, agricultores com produção de soja estão atrasando o plantio, diz Lagemann. “Com o cenário que temos, talvez alguns esperem até janeiro para fazer esse investimento.”
Outra preocupação para a agricultura regional é a oferta de água para consumo animal. “Os reservatórios estão baixos. Ainda não temos notícias de falta, mas é uma tendência para as próximas semanas”, estima.

Nos últimos dez dias, a média de precipitação no Vale foi de 30 milímetros, quantidade abaixo das necessidades da agricultura. Pela previsão, o período crítico de falta de chuva será em dezembro, com uma leve melhora em janeiro.

Segunda seca em 2020

Neste segundo ciclo de plantio, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento já confirma os primeiros prejuízos para o campo. A cultura mais afetada neste momento é o milho.

Pela análise técnica da secretaria, as intempéries dos últimos quatro meses resultaram em perdas na ordem de R$ 500 milhões na lavoura do cereal. As regiões mais atingidas são o Norte e o Nordeste gaúcho. Já são 79 municípios em situação de emergência.

A falta da chuva de outubro de 2019 até março deste ano repercutiu em toda cadeia econômica gaúcha, aponta diagnóstico da Farsul. As perdas nas lavouras e nas atividades relacionadas ao agronegócio representam menos R$ 36,2 bilhões em circulação no RS.

No Vale do Taquari, as perdas em decorrência dos meses com chuva abaixo da média ultrapassaram R$ 256 milhões. Para chegar neste valor, foram considerados indicadores sobre as áreas cultivadas e nas que deixaram de ser plantadas em função da estiagem, tendo como base a cotação dos grãos no mercado. O cultivo da soja, por exemplo, teve uma quebra de 47%. Já no milho, 41% da lavoura foi perdida.

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