As medidas mais recentes anunciadas pelo Piratini para tentar frear o avanço recente e preocupante da pandemia repercute no estado. Entre os segmentos mais afetados, está o setor de eventos, cujos líderes prometem manifestações nesta quinta-feira em diversas cidades gaúchas.
O tema é complexo e exige mais do que soluções simplistas e generalizadas. Ao mesmo tempo em que a preocupação com a saúde pública é primordial, é preciso se ater aos impactos sociais e econômicos das restrições.
Desde o início da pandemia, há uma dicotomia em evidência acerca de até onde podem ir as medidas de isolamento e suspensão de atividades produtivas. De um lado, o receio diante do risco real de colapso do sistema de saúde; de outro, o empobrecimento, o desemprego e a falência de estabelecimentos do mais diversos setores.
No início, o comércio varejista foi, sem dúvidas, o ramo mais atingido. Depois de muitas tratativas entre prefeitos, governo do estado e entidades representativas, encontraram-se saídas mais moderadas para pelo menos atenuar os prejuízos ocasionados.
Agora, um novo impasse se instaura na reta final do ano. Um dos segmentos mais afetados desde março tem sido o setor cultural e de eventos. Toda a cadeia profissional envolvida estava praticamente paralisada faz quase dez meses. Auxílios emergenciais, saques de FGTS e até mesmo vaquinhas e redes de solidariedade foram importantes para preservar esses trabalhadores. Todas iniciativas relevantes, mas não suficientes.
Nas últimas semanas, o Piratini começou um processo de retomada desse setor. Com uma série de regras, casas de festas, espaços infantis e semelhantes começaram a reabrir e ganhar uma perspectiva de viabilidade de seus negócios. No entanto, o agravamento da pandemia no RS impede as atividades em um dos períodos do ano mais rentáveis para o segmento.
Independente do mérito das medidas, o poder público precisa de alguma forma absorver as preocupações desse ramo e encontrar alternativas para preservar o emprego e a renda de milhares de pessoas dependentes das atividades culturais e de lazer, que novamente estão suspensas.