A iminência de uma nova estiagem no Rio Grande do Sul coloca em alerta o setor primário. Após uma das secas mais impactantes dos últimos dez anos, ainda no primeiro semestre, a principal força econômica do estado está de novo sob ameaça da falta de chuvas.
Nos últimos dias, as organizações ligadas ao campo intensificam as tratativas junto às autoridades do setor em busca de medidas que possam amenizar os efeitos de mais um período adverso. Sindicatos rurais e demais entidades representativas já levaram ao Ministério da Agricultura as reivindicações para atenuar os impactos.
O documento foi formulado pela Fetag, Emater\Ascar-RS, Famurs, Fecoagro e Farsul. Entre os pleitos, estão a criação de linhas de crédito, aumento de estoques de milho por meio da Conab e permissão para implantar outra cultura financiada após a entrega do Relatório de Comprovação de Perdas (RCP) que apresente perdas superiores aos 60%.
Agora depende da União uma resposta ágil ao cenário devastador que se desenha. Vale reforçar que se trata da segunda estiagem no RS no ano. De outubro de 2019 até março deste ano, o fenômeno abalou a toda a economia gaúcha. As perdas nas lavouras e nas atividades relacionadas ao agronegócio representaram perda de cerca de 7,3% do PIB do RS, conforme estima a Farsul.
Entre 2010 e 2011, em um dos períodos de estiagem mais críticos da história recente do Vale, o prejuízo no campo ultrapassou R$ 40 milhões. Como enfrentar esse problema cíclico, que periodicamente assola as propriedades?
São nesses períodos que se torna indispensável a presença do poder público e das organizações vinculadas ao campo. No entanto, as medidas não podem se restringir a ações paliativas.
No RS, estado que depende eminentemente da agropecuária, urge a criação de um sistema inovador de irrigação no meio rural. Ainda são poucas ou insuficientes as políticas públicas voltadas para o campo, capazes de fazer com que a principal fonte de riquezas do RS não continue como refém do tempo.