Após um ano, sequelas do acidente ainda persistem

Acidente a caminho do quartel

Após um ano, sequelas do acidente ainda persistem

Sobrevivente da colisão que vitimou três jovens recrutas, Adriel Soares sofre com lapsos de memória e faz tratamento para melhorar a saúde física

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Após um ano, sequelas do acidente ainda persistem
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A perda de 90% do movimento no braço esquerdo e um cisto no joelho que impede esforço físico como caminhadas mais longas. Sobrevivente de colisão contra uma árvore que resultou na morte de três jovens recrutas, Adriel Soares, 21, tem no corpo as marcas da tragédia.

O acidente aconteceu na madrugada do dia 20 de novembro em um trecho da BR-290 conhecido como “Quatro Pontes”, em Cachoeira do Sul. Mesmo passado quase um ano, Soares ainda não conseguiu se recuperar fisicamente e também sofre com lapsos de memória.

“Os médicos dizem que como o choque foi muito forte, o Adriel bateu a cabeça e isso afetou os neurônios. Eles acreditam que demorará uns dois anos para ele conseguiu recuperar toda a memória”, comenta a mãe Matilde Soares.

(Foto: Fábio Kuhn)

Adriel perdeu praticamente todas as lembranças do dia do acidente e do tratamento hospitalar que durou mais de um mês. Foram 17 dias em coma no Hospital de Caridade e Beneficência de Cachoeira do Sul e mais 19 dias internado no Hospital Militar de Área de Porto Alegre (Hmapa).

“Ele estava mais morto que vivo. Teve de lutar muito para sobreviver”, conta o pai José Soares Júnior. “Temos que agradecer toda a equipe dos hospitais e Exercito que nos acolheram bem nesse momento”, complementa.

Apenas três meses depois de receber alta, o jovem começou a retomar a consciência, conta a mãe. Atualmente, ele continua em tratamento médico para melhorar a saúde física e aguarda a marcação de exames e cirurgia que foram paralisados em função da pandemia do coronavírus.

“Guerreiros de farda”

Cinco jovens estavam no Corsa no momento da colisão, enquanto retornavam para o 9° Regimento de Cavalaria Blindados (RCB). Bruno Daniel Schuster, Lucas Bruxel Santos e Leandro Gall morreram no local (todos com 19 anos). Além de Adriel, Leandro da Chaga sobreviveu à tragédia.

Quando fala dos amigos mortos, Adriel usa a expressão “guerreiros de farda” e destaca que “sente saudade de conversar com eles”. O amigo mais próximo era Leandro Gall. “Ele era muito divertido, estava sempre brincando e se preocupava quando a gente estava mal”, resume.

Cerca de seis meses atrás, o sobrevivente retornou ao fatídico quilômetro 291 da rodovia. Ao lado de Valmir Schuster, pai de Bruno Daniel, instalou uma placa em homenagem aos jovens. “Mesmo não me lembrando, senti a dor de que lá aconteceu algo ruim”, relata.

Embora seja dolorido, Adriel destaca o interesse em recuperar as memórias esquecidas do acidente e os momentos que passou com os amigos recrutas.

Futuro incerto

Acostumado ao trabalho desde cedo, o jovem morador do Conservas iniciou na primeira empresa metalúrgica aos 14 anos. Após o acidente, ele testou um retorno à atividade, mas foi impossibilitado pela restrição física.

Formado até o 1° ano do Ensino Médio, também tentou seguir os estudos de forma online, porém encontrou dificuldades em função dos lapsos de memória. “A vontade eu tenho, mas não consigo”, lamenta.

Quando iniciou no quartel, Adriel tinha intenção de seguir a carreira militar. Em função do acidente, conta que perdeu o interesse no Exército e agora vê o futuro como incerto.

Relembre o caso

Em 21 de novembro de 2019, A Hora publicou reportagem sobre a tragédia ocorrida no dia anterior envolvendo os jovens militares que voltavam ao 9° Regimento de Cavalaria Blindados, de São Gabriel, após visitarem suas famílias no Vale do Taquari, durante um feriado estendido. O acidente na BR-290, em Cachoeira do Sul, vitimou Bruno Daniel Schuster, Lucas Bruxel Santos e Leandro Gall e feriu Adriel Soares e Leandro da Chaga. O acontecimento comoveu a comunidade regional.

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