“Sociedade do Cansaço”

Opinião

Jonas Ruckert

Jonas Ruckert

Diretor do Colégio Teutônia

Assuntos e temas do cotidiano

“Sociedade do Cansaço”

Por

Teutônia
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Às vésperas dos pleitos eleitorais, parabenizo a imprensa que possibilitou momentos de grande relevância para as escolhas dos nossos representantes nos próximos quatro anos. A democracia, o alto nível das entrevistas, dos debates e as diferentes iniciativas permitirão ao eleitor votar com critérios e consciência.

Feito este registro quero tratar da questão que encabeça o título a partir da temática da sociedade do trabalho e do desempenho. Para referenciar este contexto e, adentrando ao último bimestre de 2020, faço referência a dois grupos sociais: o primeiro que afirma que nada mais é possível. “Deu para esse ano”. O segundo que entende que nestes dois últimos meses “dá para buscar o que faltou”, confiantes de que nada é impossível.

A “sociedade do cansaço”, expressão que intitula o livro de Buyng-Chul Han trata da temática da sociedade do trabalho e desempenho com um olhar nem para o tudo e nem para o nada, mas para a estranheza que cede lugar ao exótico.

Dito isso, retomo primeiramente as questões dos pleitos eleitorais, compartilhando que assisti e ouvi muitas e boas propostas. Também algumas tamanhamente infundadas que me levaram à indiferença pela condição incomum, extravagante e excêntrica. Seguindo, igualmente pela sua condição incomum, exótica a partir da minha percepção de mundo, faço referência à apatia da sociedade que aceita com indiferença a realidade de centenas e mais centenas de crianças, adolescentes e jovens estarem sem atividade escolar presencial. Não me refiro à declarada falta de condições de estrutura, de colaboradores, de EPI’s e de coisas mais. Falo aqui da apatia social, da inércia que não nos sensibiliza como sociedade entendendo o papel central da escola naquilo que tem relação com a convivência, com os aspectos sociais e todas garantias mais que o ambiente escolar legitima. Como sociedade ignoramos e abnegamos toda e qualquer postura coletiva de enfrentamento das circunstâncias. Perdemos, de forma geral, o nível mais abstrato do entendimento: o conceito sobre as coisas.

Buyng-Chul Han, ao tratar da sociedade do trabalho e do desempenho, aborda a preocupação pelo bem-viver, em que faz parte a convivência bem-sucedida, que cede lugar, cada vez mais, à preocupação pelo sobreviver. O sujeito do desempenho está livre da instância do domínio. Como gestor do seu tempo e da sua produtividade, na circunstância da sobrevivência, torna-se escravizador e escravo da sua própria condição.

Nos restam menos de dois meses para o final do ano. Como chegaremos lá? Como sociedade produtiva consciente, reflexiva e propositiva para o ano que está por vir ou apenas reagiremos a tudo, cansados e indiferentes?

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