Comemoração sem euforia

editorial

Comemoração sem euforia

Os cinco meses de crescimento na produção industrial é uma boa notícia. Ainda assim, é preciso cautela na análise desses números

Comemoração sem euforia
Vale do Taquari

Os cinco meses de crescimento na produção industrial é uma boa notícia. Ainda assim, é preciso cautela na análise desses números. Conforme o IBGE, as fábricas gaúchas alcançaram o mesmo patamar de antes da pandemia. Ainda assim, há uma tendência de que esses resultados não se mantenham por muito tempo, conforme estimativa da própria Federação das Indústrias do RS (Fiergs).

Em termos gerais, após o abismo visto em abril, tende a não se repetir. No mês em questão, a atividade de manufatura, nos mais de 230 setores estudados pelo IBGE, caiu 25%. Algo nunca visto na história recente da economia gaúcha.
Depois do tombo, o avanço produtivo alcançou 4,5% em setembro. Na comparação com o mesmo mês de 2019, o indicador era de 5,8%. Essa diferença de pouco mais de 1% é positiva se analisar que no ano passado não havia a sombra da pandemia sobre o estado.

Como impacto direto, mais produção industrial significa necessidade de mão de obra. Tanto que, ao cruzar os dados, se percebe que a empregabilidade tanto no RS quanto no Vale do Taquari demonstram um movimento de ascensão.

Nos nove primeiros meses do ano, o saldo entre demissões e admissões no Vale do Taquari ainda é negativo. Foram fechados mais de 1,3 mil postos de trabalho. No entanto, os sinais de recuperação nos índices de empregabilidade no Vale apareceram em agosto, quando depois de cinco meses de extinção de empregos formais, a região fechou o mês com 360 postos criados.

Setembro foi o melhor resultado do ano, com a abertura de 1.405 vagas com carteira assinada. A grande maioria desses postos criados foram na indústria. Muitos destes trabalhadores selecionados para atender o aumento na demanda, que se comprova a partir dos dados de produção expostos na manhã de ontem pelo IBGE.

Frente aos números, ainda é cedo afirmar que a economia crescerá em “V”. Os cinco meses depois do pico da pandemia em abril, mostram um avanço bastante significativo. Porém, dificilmente se manterá para o próximo semestre.

Há muitas barreiras para serem suplantadas ainda. Há um risco de mais restrições na Europa e nos Estados Unidos. Essa condição interfere sobre o humor do mercado e pode fazer com que o real se desvalorize ainda mais. Isso provoca o aumento no custo dos insumos tanto para a construção civil quanto para o setor agrícola, o que reduz em muito o faturamento para a indústria alimentícia, para o produtor e diminui o ímpeto das construtoras.

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