Pesquisa aponta índice de sobrepeso, obesidade e ingestão de alimentos ultraprocessados em crianças e adolescentes

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Pesquisa aponta índice de sobrepeso, obesidade e ingestão de alimentos ultraprocessados em crianças e adolescentes

Estudo aponta que 34% das crianças e adolescentes estão acima do peso adequado

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Pesquisa aponta índice de sobrepeso, obesidade e ingestão de alimentos ultraprocessados em crianças e adolescentes
Lajeado

Uma pesquisa realizada pela diplomada do curso de Nutrição da Universidade do Vale do Taquari (Univates), Aline Lucia Schmidt, de Estrela, apontou dados sobre a alimentação de crianças e adolescentes em idade escolar na região do Vale do Taquari. Participaram da pesquisa 134 estudantes, com idades entre 9 e 11 anos, matriculados no 4º ano do Ensino Fundamental de 10 escolas da rede pública do Vale. A diplomada aplicou um questionário com os alunos, verificou peso, altura e consumo alimentar, além de analisar o desempenho dos estudantes em boletins com as notas nas disciplinas.

Na amostra da população estudada, Aline identificou que 18,7% das crianças estavam com sobrepeso, caracterizado por um Índice de Massa Corporal (IMC) entre 25 e 29,9 kg/m², e 15,6% estavam com obesidade, quando o IMC é de 30 kg/m² ou mais. Resultados semelhantes foram encontrados na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), que apontou sobrepeso em 23,7% e obesidade em 7,8% dos estudantes.

Aline é a estudante responsável pela pesquisa (Foto: Arquivo pessoal)

Aline destaca que o total de crianças e adolescentes com excesso de peso foi de 34,3% (somando sobrepeso e obesidade), índice semelhante ao identificado na pesquisa Pense, que foi de 31,5%. “Esse dado é preocupante, pois um a cada três participantes da pesquisa estava acima do peso adequado para a idade”, relata.

Conforme Aline, o Brasil passa por um período de transição nutricional, no qual se observa um aumento na prevalência de casos de sobrepeso e obesidade. “A alimentação se caracteriza por uma ingestão elevada de calorias e com carências em termos de nutrientes. Esses hábitos alimentares refletem diretamente no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes em idade escolar”, afirma.

Durante a pesquisa não foi identificada relação entre o consumo alimentar e estado nutricional com o rendimento escolar. Porém,  foram verificadas inadequações no consumo de cálcio e ferro. “A longo prazo, esses fatores podem impactar de forma negativa no desenvolvimento físico e cognitivo dos estudantes”, destaca.

Alerta para alimentação saudável

Aline acredita que o estudo acende o alerta para a presença de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência. “Os números confirmam a tendência de mudança no perfil nutricional da população brasileira. O desafio é desenvolver ações para controlar a transição nutricional observada na população”, argumenta.

Ainda observou-se que 35,50% da alimentação dos estudantes era proveniente de alimentos ultraprocessados, como por exemplo, bolachas recheadas, sorvetes, balas, macarrão instantâneo, salgadinhos, refrigerantes, salsichas, entre outros.

Conforme a diplomada, os alimentos ultraprocessados têm um impacto negativo na alimentação dos estudantes e contribuem para os números de excesso de peso e obesidade. “Essa condição pode causar sérios problemas de saúde em crianças e adolescentes, pois são alimentos ricos em gordura, açúcar, sódio e são de alta densidade calórica. E ainda, se observou que quanto maior o consumo dos alimentos ultraprocessados, menor era o consumo de zinco (carne vermelha, peixes, frutos do mar, cereais de grãos integrais, feijões, nozes, leite, queijos)”, ressalta.

Publicação em revista

Os dados da pesquisa foram apurados ainda em 2016. No ano seguinte, a diplomada analisou os números coletados, e em 2018, conseguiu publicar seu estudo na revista Journal of Human Growth and Development, que divulga artigos cujo objeto de estudo e discussão é a relação entre o crescimento e desenvolvimento do ser humano, e é publicado quadrimestralmente.

Aline acredita que trabalhos como este são de extrema importância para o campo da saúde pública, pois as consequências de uma alimentação inadequada durante a infância podem refletir durante a vida adulta. Conforme a diplomada, diante desse cenário, o desafio é desenvolver ações eficientes de educação e monitoramento nutricional, reforçando a importância da alimentação saudável desde os primeiros anos de vida.

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