“A galera não acreditava que era eu que tocava”

Abre aspas

“A galera não acreditava que era eu que tocava”

Andressa Luísa Magedanz tem 21 anos. Toca bateria desde os sete. É profissional desde os 13. Natural de Teutônia, se apaixonou pelo instrumento vendo os shows no salão de baile do seu pai. Venceu a barreira do “bateria é para meninos” e hoje, está entre as grandes revelações do instrumento no país. Além de tocar em bandas, dá aulas de bateria e musicalização infantil.

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“A galera não acreditava que era eu que tocava”
Vale do Taquari

Como iniciou sua relação com a música? Sua família tinha salão de baile?
Meu pai abriu um salão de baile em 2002. Minha família sempre fui muito musical. Não temos músicos na família, mas sempre gostamos de festa e música nos ambientes. Quando o pai abriu o salão, eu ficava no palco, no meio dos músicos. Comecei cantando e tocando violão. Depois de um tempo, bati o olho na bateria. Tinha uns 3, 4 anos. Minha primeira apresentação ao público foi com 7 anos, no salão do meu pai. Em 2012, iniciei minha carreira profissional, tocando na noite, ganhando para tocar. Eu tinha 13 anos. Tocava com a dupla Ego e Serginho até 2015. Então recebi proposta do Wilceu Pause. Em 2019, entrei no projeto do cantor Sandro Sans, de Lajeado; recebi convite do Pitty Ferreira, para integrar a banda Eletrorádio; e entrei na Companhia Aprendiz. Os anos de 2019 e 2020 são de grande importância na minha vida.

Em que momento você percebeu que tocar bateria seria sua profissão?
Desde pequena, eu tinha essa sensação. Mas tem muito do lance conservador da região em que a gente vive, de que ser músico não é profissão. Cheguei a iniciar faculdade de História, porém, não dei conta, não dava para tocar e fazer faculdade. Então, optei pela música. Ali eu percebi que não queira fazer outra coisa a não ser música.

Desde que você começou, o que mudou no fato de ser uma mulher atrás da bateria?
Meu irmão fazia aula de bateria e eu também queria tocar, mas meu pai queria que eu cantasse. Aquele negócio de que mulher tem que cantar, que bateria é coisa de menino. Aos poucos, a galera foi vendo que as coisas estavam ficando sérias. Quando comecei a tocar profissionalmente, a galera não acreditava que era eu que tocava. Faziam piadinha de mal gosto, que para tocar bateria tem que ter pegada. E tinha o preconceito por eu ser nova, que ainda existe. O pessoal acha que não tenho experiência, mas já são oito anos tocando na noite.

Que bateristas te inspiraram no início? Quais te inspiram hoje?
No início, quando não tinha acesso à internet, minhas referências eram as bandas que tocavam no salão do meu pai. Quando saí dessa bolha, comecei a conhecer bateras. Me inspiro muito na Vera figueiredo, que foi baterista do programa Altas Horas, na Anika Nilles. Quando entrei no universo sertanejo, minha principal referência foi o Diego Jean Vicente. Gosto bastante também do Tony Royster Jr. e do Kiko Freitas.

Qual o momento mais marcante da sua trajetória até aqui?
Em 2019, aconteceu de ser convidada para palestrar no 2º Encontro Nacional de Bateras do Sul. No mesmo dia, dividi o palco com o Diego Jean Vicente. Tive a honra e de dividir o palco com uma das minhas referências. Eu era a única mulher e o assunto era ‘ser mulher no mundo da bateria’. Quando o organizador me chamou, eu meio que tremi na base. Foi um dia em que eu vi que realmente estava fazendo a diferença no mundo, trazendo essa questão da mulher na bateria e incentivando as garotas que estão iniciando.

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