Brincadeiras que conectam

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Brincadeiras que conectam

Especialista afirma que uso da internet pode ser benéfico quando os pais realizam o monitoramento do conteúdo

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Brincadeiras que conectam

A nova geração nasceu conectada. Enquanto na infância dos pais era comum brincar de bola e boneca, hoje as crianças se divertem com o conteúdo digital. São milhares de vídeos e jogos criados para esse público, com o objetivo de entreter e educar os jovens. Mas é preciso estar atento ao universo digital, afinal, os pequenos também precisam desenvolver habilidades sociais e psicomotoras na “vida real”, como explica o psicólogo Luis Fernando da Veiga, do Espaço Viver Bem Unimed.

Com as aulas virtualizadas, a relação das crianças com a internet ficou mais evidente. O uso das tecnologias aproximou grupos virtualmente e potencializou algumas funções cognitivas. Ao mesmo tempo, acarretou o aumento da ansiedade, depressão e sedentarismo.

“O que devemos estar atentos é quanto ao uso indiscriminado dos aparelhos e redes. Ou seja, monitorar o tempo, o conteúdo de acesso e a avaliação de ganhos e prejuízos”, explica Veiga.

As crianças aprendem por meio da brincadeira, do lúdico e do faz de conta. Isso também acontece com as plataformas digitais, mas as “brincadeiras clássicas” potencializam a autonomia, a criatividade e o desenvolvimento de habilidades essenciais, como força, flexibilidade e equilíbrio. “O uso demasiado de tecnologias refletiu na necessidade de respostas automáticas e em algumas inabilidades sociais como impaciência e imediatismo”.

Para evitar os malefícios digitais e garantir a segurança dos jovens, o psicólogo recomenda que as famílias façam um planejamento e ampliem o repertório de tarefas offline. “É papel da família provocar um ambiente fértil para ela brincar sozinha, com outras crianças e com os adultos”, salienta.

O psicólogo destaca também que as tecnologias são instrumentos que podem e devem ser utilizados de maneira criativa, mas não como recursos preenchedores de tempo, tédio, ócio e afetividades. Além disso, é preciso considerar que uma parcela importante das crianças e adolescentes de hoje vão trabalhar utilizando tecnologias. “Não podemos fechas os olhos para o futuro”.

Atualmente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta evitar a exposição de menores de dois anos a tecnologia. Para as crianças entre dois e cinco anos o tempo ideal é até uma hora por dia; entre seis e dez anos, até duas horas; enquanto as de onze a dezoito anos podem permanecer nas telas por até três horas diárias.

 

Luz… câmera… diversão

Para a família da pequena Mariah Weingartner, 4, a internet faz parte da rotina. Idealizadores do canal “Coisas de Mariah”, os pais Davi e Simone Weingartner contam que sempre estiveram atentos ao universo digital. “A Mariah não tem acesso as redes, quem faz todo o material somos nós, os pais. O único acesso que ela tem é aos canais que ela gosta de acompanhar e, mesmo assim, por um tempo determinado”, explicam.

Para a produção do conteúdo do canal, o tempo e a privacidade de Mariah são prioridade. Os pais contam que tudo é voltado ao universo infantil e feito da maneira como a pequena vê e faz as coisas. “Vale lembrar que ela é uma criança. Jamais vamos expô-la além do que ela se sentir à vontade. Tem dias que ela não quer gravar ou tirar fotos e tudo bem”.

A ideia do canal surgiu da própria Mariah. Até dezembro do ano passado, a família residia em São Paulo e compartilhava vídeos com os avós e dindos, que moram na região, pelo grupo do WhatsApp para matar a saudade. Nas férias, Mariah e os pais vieram para o sul, mas logo os encontros pessoais tiveram que ser interrompidos pela pandemia.
Isolados, os pais tiveram que se reinventar com as atividades e brincadeiras. “Certo dia ela pediu se poderia ter um canal no Youtube, assim como os canais que ela olha. Foi então que gravamos o primeiro vídeo, fazendo Waffle”.

Davi e Simone ressaltam que todo o conteúdo desenvolvido para as redes sociais tem como objetivo desenvolver as habilidades cognitivas, de comunicação, expressão e criatividade. “Percebemos, durante esses meses, uma evolução muito grande na desenvoltura dela, na capacidade de improviso, e nessas habilidades como um todo”, afirmam.

Conforme o psicólogo, esse cuidado dos pais com os filhos é essencial. Os adultos devem ser a referência de apoio e ensinar as crianças a produzirem conteúdos com respeito e ética. A prioridade sempre deve ser a saúde geral dos filhos. “Vamos utilizar a tecnologia a nosso favor, em parcerias, de maneira sóbria e com inteligência emocional”.

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