Como chegar ao verão sem antes passar pelo inverno? Você pode escolher amargar a estação com reclamações e lamentos, ou aproveitar as coisas boas que os dias mais frios trazem, defende a psicóloga mestre em Psicologia Clínica, life Coach e analista comportamental, Jeniffer Harth.
Evoluir, como pessoa ou profissional, depende da capacidade de encarar o novo. Mudar fortalece a autoconfiança, possibilita o autoconhecimento e traz novas oportunidades.
“Tudo muda o tempo todo. Quando permanecemos estagnados, deixamos de viver em plenitude. Mudar é sinônimo de estar vivo, traz aprendizado e leva ao sucesso”.
Apesar de fundamental, mudar não é um processo fácil, uma vez que exige sair da zona de conforto e arriscar-se, sem garantias. Para muitos, mudar pode ser tão difícil que, apesar de lamentar a situação em que se encontram, preferem permanecer na segurança deste lugar incômodo do que se arriscar em algo novo, explica a especialista.
Conforme Jeniffer, é impossível estar preparado para mudanças imprevistas. Por outro lado, pode-se desenvolver a inteligência emocional e assim aprender a gerenciar os sentimentos, melhorar a capacidade de autoanálise e se preparar para lidar com as consequências dos imprevistos.
“Com a inteligência emocional bem desenvolvida, temos mais clareza do que nos acontece, aproveitamos a oportunidade de evoluir com foco nos aspectos positivos de cada situação e, assim, viver de forma mais leve, positiva e feliz”.
Quando a mudança parte de cada um, é mais fácil, mas não deixa de ser um processo complexo. Ao aceitar que é preciso mudar, assumimos os riscos, cientes de que do outro lado haverá novas possibilidades e que valerá todo o sacrifício da travessia, acrescenta.
“Para qualquer mudança é preciso ter clareza dos objetivos e de como alcançá-los. Comece por aquilo que parece mais fácil e acessível. Lembre-se de ser resiliente, pois é a capacidade de lidar com problemas e de encontrar soluções que te impulsionará”.
Para auxiliar no processo de mudança, a psicóloga orienta começar por redefinir expectativas e adotar uma postura positiva, uma vez que a aceitação dos fatos facilita o processo. Procurar ajuda profissional também pode fazer a diferença.
“Mude o que você pode e não perca tempo com o que não depende de você. Aprenda com as lições, acredite em si e nunca desista”.
A literatura como aliada
A leitura traz inúmeros benefícios a quem adota o hábito. Além do desenvolvimento das habilidades de compreensão, interpretação e de escrita, é uma grande aliada nos momentos difíceis e no processo de aceitar e enfrentar as mudanças.
A doutoranda em Letras e professora da área de Literatura da Univates, Rosiene Almeida Souza Haetinger, destaca como a leitura pode te ajudar a lidar com as mudanças.
A Hora – De que forma a leitura pode nos ajudar a superar momentos difíceis?
Rosiene Haetinger – Ler modifica nosso olhar para o mundo e para o outro. Desse modo, mostra que não estamos sozinhos, que já passamos por vários momentos difíceis na história da humanidade. Podemos compreender isso por meio de textos não literários, como livros de História, ou mesmo pela mídia. A literatura, e a arte em geral, promove a alteridade, a capacidade de se colocar no lugar do outro, de forma mais efetiva e afetiva. Um exemplo desse efeito é perceber a diferença de quando lemos sobre a Segunda Guerra Mundial em textos não literários, como no livro de História, e quando lemos a obra “O Diário de Anne Frank”. Neste último temos uma noção muito mais profunda, no sentido humano, da tragédia que acometeu os judeus nesse momento histórico. Por isso, ler literatura é algo que devemos fazer para além da sala de aula, é uma atividade para a nossa vida.
Como a leitura pode ajudar a aceitar e lidar com as mudanças, ou mesmo ser um guia para elas?
A leitura, em especial os textos literários, problematiza, mostra outros pontos de vista sobre determinados assuntos. Em tempos de pandemia, é possível ler para fugir desse contexto de ansiedade e incertezas, procurando livros que tratem de temas que não têm relação com a situação atual. Mas também é possível ler para tentar compreender o que estamos vivendo. Nesse caso, indico algumas obras: A peste, de Albert Camus; O amor nos tempos do cólera, de Gabriel Garcia Marquez; O alienista, de Machado de Assis; e Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago.
