De onde vem o chimarrão?

Semana Farroupilha

De onde vem o chimarrão?

Descubra os benefícios e os cuidados necessários com a bebida tradicional dos gaúchos

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De onde vem o chimarrão?
Foto: Vai Um Chima

Muitas pessoas pensam que a erva-mate é uma planta exclusiva do Rio Grande do Sul. No entanto, a historiadora, mestre em Ambiente e Desenvolvimento e integrante do Projeto de Pesquisa Identidades Étnicas da Univates, Tuani de Cristo, revela que a espécie é nativa das florestas da América Meridional. Ela está presente no Paraguai, Argentina, Uruguai, na região sul do Brasil e no estado do Mato Grosso do Sul.

A erva-mate era manejada pelos indígenas que viviam nestas regiões, em especial, no sul do Brasil, como os Guarani, Kaingang, Charrua, Minuano e os Xokleng/Laklaño. Os Guarani, por meio da agricultura, cultivavam espécies vegetais como a erva-mate em meio às clareiras na mata, o que facilitou a dispersão das sementes da planta para outras áreas.
No período colonial, as relações entre indígenas, espanhóis, portugueses e missionários geraram diversos intercâmbios de conhecimentos, a exemplo da erva-mate. Desta forma, a planta, que já era manejada há milhares de anos pelos indígenas, tornou-se um produto de grande comercialização, intermediando relações econômicas e culturais na região, explica.

A erva-mate faz parte da história ambiental, cultural e econômica dos territórios da América Meridional, dentre eles, do povo que viria a constituir o Estado que passou a se chamar Rio Grande do Sul.

 

Simbolismo

Conforme estudos, a palavra “chimarrão” é uma simplificação do termo mate-chimarrão, como a bebida era denominada no século XIX. O chimarrão tem sua origem no termo espanhol “cimarrón”, que significava aquilo que não era doméstico, como cães e gado, explica Tuani.

A bebida hoje tem significados culturais importantes nos sul do Brasil, e simboliza a coletividade e sociabilidade das pessoas, já que a cuia costuma ser passada de mão em mão, prática cultural herdada dos indígenas, destaca.
“É muito comum recebermos visitas com uma cuia de chimarrão. Além disso, oferecer a bebida a alguém desconhecido, por exemplo, pode ser uma forma de socializar e se integrar a outros grupos”. Mas, segundo a especialista, nada impede de tomar chimarrão sozinho, ainda mais em meio a pandemia. “Precisamos nos adaptar às adversidades e criar outras práticas de sociabilidade”.

 

Qualidade atestada

Para um bom chimarrão, usar erva de qualidade faz toda a diferença. Segundo o assistente técnico em erva-mate e supervisor da região do Alto Taquari da Emater/RS-Ascar, Cezar Burille, algumas características podem ser observadas para determinar a condição do produto.

“No aspecto físico, podemos destacar a cor verde viva, o estado dela mais solto (não embolotada) e o odor específico da erva”, afirma o técnico. Além disso, os consumidores podem procurar pelo selo de Certificação da Qualidade do Processo de Produção da Erva-Mate nos pacotes.

A certificação foi desenvolvida pela Emater/RS – Ascar com o objetivo de qualificar o processo de produção de um dos produtos símbolo do Rio Grande do Sul. Segundo Burille, na região sete ervateiras possuem o reconhecimento. “É uma garantia a mais ao consumidor sobre a qualidade da erva”.

 

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