“A música para mim é sinônimo de representatividade”

Abre aspas

“A música para mim é sinônimo de representatividade”

Ana Caroline Cézar, 27, iniciou a trajetória na música aos 13 anos. Atualmente, integra três bandas e forma dupla com Guilherme Gregory. Para o futuro, pretende se dedicar com exclusividade para a carreira de cantora. A moradora de Lajeado quer ser exemplo de representatividade para mulheres negras da região

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Atualizado quarta-feira,
16 de Setembro de 2020 às 13:09

“A música para mim é sinônimo de representatividade”
Créditos: Moisés Ruschel
Lajeado

• Como iniciou sua trajetória na música? Há quanto tempo trabalha com isso?

Meu primeiro contato com a música foi cantando na igreja católica, aos 13 anos. Foi nessa época que ganhei meu primeiro violão. Comecei a frequentar aulas com um colega da banda da igreja. Até meus 22 anos, em 2015, nunca tinha participado ou realizado trabalhos profissionalmente. Naquele ano, formei uma dupla de voz e violão e comecei a cantar em bares e eventos da região.

• Quais são os teus projetos?

Atualmente participo de projetos com três bandas e formo dupla com Guilherme Gregory, desde 2015. Na banda “Os Alquimistas” fazemos tributo a Tim Maia e Jorge Ben Jor, no qual o groove e o balanço são as marcas registradas. A outra banda que eu integro se chama Oh Maria, na qual resgatamos mais o estilo de músicas “antigas e bregas”. Tenho ainda a banda AbraSoul, que iniciou os trabalhos em 2017, e após uma pausa, retornamos aos ensaios no início desse ano. Devido a pandemia suspendemos novamente os ensaios. Nesta última, tocamos o estilo mais Pop e Black Music Americana variando entre releituras de clássicas como Nina Simone, até atuais como Rihanna.

• O que a música representa na sua vida?

A música para mim é sinônimo de representatividade. Não faz muito que descobri o poder dessa palavra. É representatividade de gênero e principalmente de raça. É poder representar as mulheres negras e também inspirar meninas negras, por exemplo. Percebo que na nossa região, a representatividade de mulheres negras, com posição de destaque, ainda é pouca. É doar a minha voz para que outras possam ecoar aqui no Vale do Taquari.

• Quais são as principais dificuldades encontradas na carreira como musicista?

Acho que viver só da sua música é difícil para todos os artistas. Ainda mais sendo mulher e preta, né!?. Acredito que o sonho da maioria dos músicos é conseguir viver da sua arte, conseguir se destacar e deslanchar na carreira. Apesar das dificuldades, luto para isso acontecer.

• Qual momento mais marcante na sua trajetória?

Acredito que o momento que posso destacar foi em março deste ano, em um evento em comemorativo ao Dia da Mulher, no Volúpia Bar, em Lajeado. Na ocasião, dividi o palco com duas artistas e amigas, a Bruna Moraes e a Natasha Bouvier. Foi naquela apresentação que consegui cantar músicas que realmente tem um peso importante para mim, que são de militância feminista negra. Foi um momento muito marcante.

• E para o futuro, o que planeja?

Pretendo retornar com as bandas assim que passarmos pela pandemia com saúde. Quero me dedicar com exclusividade à música que até hoje nunca consegui colocar como prioridade na minha vida. E, com certeza, iniciar novos projetos.

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