A nova moda

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A nova moda

Mias sustentável e democrática

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Atualizado quarta-feira,
09 de Setembro de 2020 às 13:15

A nova moda
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As reuniões por videochamada e o happy hour virtual com os amigos se tornaram parte da rotina e já têm um dress code definido: no vídeo, cabelos arrumados e acessórios. Na parte de baixo? Pijama, calça de moletom, pantufa ou o famoso chinelo com meia.

O isolamento social fez com que diversos aspectos das nossas rotinas fossem revistos, entre eles, a forma de se vestir. Conforme a designer e consultora de moda Natália Schneider, o conforto já é tendência há alguns anos, e um grande exemplo disso é a popularização do tênis, que ganha cada vez mais destaque e até substitui o salto alto em muitas ocasiões.

A versatilidade também ganha destaque no cenário atual e peças que podem ser combinadas com facilidade ou com maior quantidade de roupas também se tornaram as preferidas.
“No TikTok, aplicativo que conquistou muita gente nos últimos meses, há vários vídeos de pessoas mostrando diferentes looks com a mesma peça. Eles podem ajudar a aproveitar melhor o guarda-roupa e não consumir coisas que talvez não precise”.

O consumo consciente também é uma pauta forte no momento e, a medida que o consumidor busca mais por conforto, versatilidade e sustentabilidade, as marcas precisam se adequar.

“Procuramos cada vez mais por marcas que se importem com a sociedade e o meio ambiente. Não basta mais ser apenas bonita, deve transmitir significado. Acredito que, com o tempo, as marcas que não possuírem um significado não continuarão no mercado”.

Versatilidade e conforto a qualquer momento

Trabalhar em home office, de pijama ou com a famosa camiseta velha e confortável, começou a afetar a produtividade e mexer com a autoestima da professora de corte e costura Júlia Rosa, 27. “Sem mais razão para me fazer bonita de manhã, eu desanimava logo que saia da cama”.

Nos dias em que se arrumava da mesma forma que costumava fazer para ir ao trabalho, logo cansava da calça jeans justa e da roupa desconfortável, que eram substituídas pelo moletom. Faltava algo para unir o conforto com o sentir-se bem e bonita.

Assim Júlia encontrou o incentivo que precisava para tirar da gaveta um sonho antigo, que deu forma à Aura HomeWear. “Há muito tempo tinha vontade de ter uma marca de moda, porém, me faltava um propósito”.

A palavra aura representa a energia que o ser humano emana para o universo, conforme seu estado de espírito, explica Júlia. Por sua vez, a palavra homewear pode ser traduzida como roupa de ficar em casa.

“Vejo o vestir como uma espécie de aura. Transmitimos muito sobre nós pela forma como nos vestimos. Em casa nos sentimos mais à vontade, é onde temos nossos rituais. Precisamos nos encaixar em tantas regras e padrões, que estar em casa é o nosso momento de se respeitar, aceitar nossos rituais próprios e únicos”.

O projeto ainda está no início, mas o portfólio já inclui kimonos e pijamas de alfaiataria, com tamanhos e modelagens que se adaptam a diferentes corpos para garantir conforto e ergonomia. No futuro, a ideia é que a Aura Homewear apresente uma coleção maior de modelos e, talvez, outros tamanhos.

“Pensei muito na mulher mãe, que tem um bebê em casa, ou que está em home office com as crianças e precisa fazer as atividades da casa junto com uma reunião de trabalho. Assim, poder entrar na videochamada com um pijama que parece roupa de sair é ótimo”.

Júlia acredita que a moda foi um dos setores mais afetados pela pandemia e que o impacto positivo das mudanças impostas pelo momento será uma modificação no perfil do consumidor.

“Com eventos cancelados, muitas das justificativas para comprar uma roupa nova não existem mais. O público se torna menos consumista e, com a recessão, prefere adquirir peças de qualidade, durabilidade e versatilidade, o que abre espaço para nichos como o da Aura”.

Mais sustentável e democrática

Olhar para a moda de forma mais sustentável é a proposta da marca Ventana, do casal Letícia Basso, 34, e Luis Fernando Kolinger, 33.

Letícia é designer de moda e atuou no mercado tradicional por mais de dez anos. Luis Fernando é publicitário e fotógrafo, e também trabalhava no setor. Ambos já enxergavam a importância de uma mudança de rumo na indústria da moda, mas a idéia de pôr a mão na massa e iniciar o próprio projeto surgiu no início da pandemia.

“Acreditamos que faltam marcas boas para o mundo e, pela primeira vez, fez sentido para nós iniciar este projeto, então resolvemos investir nossos esforços nisso”.

A Ventana é uma marca de roupas femininas com consciência ambiental e social, que mescla o estilo escandinavo com o minimalismo, em peças atemporais, explicam. Os tecidos são confeccionados a partir de fibras naturais e compostáveis, certificadas com selos de reconhecimento internacional.

“A marca existe para somar e fortalecer esse mercado sustentável e consciente, ainda tão pequeno no Brasil. Queremos fomentar a cooperação entre a cadeia, para que este nicho consiga crescer. Nosso propósito é ser uma marca democrática para quem compra e para quem faz, uma opção mais sustentável e descomplicada, que também sensibilize novos públicos”.

Para o casal de empreendedores, a moda foi um dos setores mais afetados com a pandemia, mas soube se reinventar. “O que era para ser o futuro, virou o presente muito rápido. As pessoas passaram a ter tempo para pensar, se questionar. Com isso, as empresas coerentes saíram ganhando. A nova moda veio para durar mais, ser mais fácil, confortável, aconchegante e democrática. Se a moda é o espírito do seu tempo, ela precisa voltar a se alinhar com a realidade do tempo e do mundo”

Conforme Natália, o conceito slow fashion, que, na contramão do fast fashion, prega um consumo mais consciente, vem crescendo e ainda ganhará muito espaço no mercado. Ao mesmo tempo, o minimalismo também se destaca, o que fortalece o mercado para marcas como a Ventana e a Aura Homewear.

“O fato de termos mais tempo para olhar e nos livrarmos de objetos e roupas que não utilizamos pode contribuir com esse movimento, uma vez que antes não tínhamos tempo para analisar nossas escolhas e como isso impacta no mundo como um todo”.

Tendências para ficar de olho, segundo Natália Schneider

Camiseta tie-dye – O tie-dye já é apontado como tendência há algum tempo. Ele é ótimo pois você mesmo pode fazer com uma camiseta branca. Além de estar na moda, reaproveita seu guarda-roupa e ajuda o planeta.

Calça Jogger – Ideal para quem busca um visual mais street, as calças jogger são feitas com materiais macios, como moletinho (mais fino que o moletom), viscolycra e helanca. Ótimas opções para quem busca estilo e conforto.

T-Shirt – As T-shirts combinam com qualquer estilo. As lisas têm o poder de complementar qualquer look e você pode utilizar as estampadas para mostrar alguma mensagem sobre seu humor ou seu estilo.

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