Ensinar para proteger

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Ensinar para proteger

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O tema da matéria principal desta edição, que você confere nas páginas 6 e 7, surgiu para mim há algumas semanas, em um grupo de WhatsApp com mulheres da região.

Por coincidência, o assunto já tinha sido pauta de uma conversa com uma amiga na mesma semana, quando falávamos sobre com recebemos pouca informação sobre métodos contraceptivos além dos mais conhecidos, a pílula e a camisinha.

Aprendi a maior parte do que sei sobre contraceptivos na escola e, durante a construção desta matéria, a médica ginecologista Daiane Coltro destacou a importância da educação sexual para conhecermos e compreendermos o funcionamento dos contraceptivos.

Apesar dos números de gravidezes na adolescência terem caído, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 13 milhões de meninas entre 10 e 20 anos tenham engravidado nas últimas décadas, o que contribui para a evasão escolar e, por consequência, para a falta de oportunidades no mercado de trabalho para estas jovens mães.

Além disso, também é da OMS a informação de que doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como Aids, sífilis e hepatites, passam por um momento de alta no contágio.

Falar sobre sexualidade com crianças e adolescentes é o melhor caminho para garantir um crescimento saudável, mas, tão importante quanto prevenir uma gravidez precoce ou a transmissão de DSTs é ensinar crianças e adolescentes a se protegerem da violação de seus corpos.

Na última semana fomos impactados com a história da menina abusada pelo tio, que teve seu direito legal ao aborto assegurado. Prefiro não entrar na discussão das cenas cruéis que ocorreram na ocasião. Basta dizer que foi incoerente e desumano.

Mas, tão desumano e devastador quanto, é ter a consciência de que existem tantas outras e outros sofrendo abusos todos os dias e que, muitas vezes, não têm nem a consciência de que o que acontece com eles é errado e não é sua culpa.

Ensinar sobre sexualidade e gênero é ensinar a crianças e adolescentes quando um toque, ou mesmo um comentário, ultrapassa o limite, e que este limite deve existir inclusive para quem vive ou é responsável por eles.

É ensinar que seus corpos são individuais e pertencem somente a eles. Que qualquer abordagem que indique o uso indevido do seu corpo, não deve ser aceito. É ensinar a diferença do afeto e do abuso.

Ensinar sobre sexualidade e gênero vai muito além da biologia, é uma das formas mais eficazes de contribuir para a redução da violência sexual contra crianças e adolescentes.

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