Contraceptivos: você conhece as opções?

Saúde

Contraceptivos: você conhece as opções?

Médica explica como escolher o método ideal e como proceder na hora de trocar ou largar o anticoncepcional

Por

Contraceptivos: você conhece as opções?

A designer de moda Josi Ferreira, 32, começou usar pílula contraceptiva aos 18 anos, para regular o fluxo da menstruação. “Logo percebi que meu estômago não se adaptou, mas continuei com o uso por mais alguns anos, até que não consegui mais”.

Ao consultar sua ginecologista, Josi foi apresentada ao adesivo transdérmico. “Eu adorei. Como o hormônio entra em contato direto com a corrente sanguínea pela pele, não agredia o meu estômago, além de ser mais prático”.

Josi Ferreira

Josi Ferreira

O método consiste na colagem de uma unidade do adesivo em alguma parte do corpo, conforme orientação do ginecologista, durante três semanas no mês, com cuidado para o Apesar da boa adaptação, Josi deixou de usar o contraceptivo há dois anos, pois tem os planos para ser mãe em breve e já tinha vontade de viver sem a medicação. “Utilizei anticoncepcional por 12 anos e não sinto falta, pois meu fluxo equilibrou. Surgiram espinhas logo que larguei, mas desapareceram em alguns meses”.

Conforme a médica ginecologista e mastologista Daiane Bonella Coltro, é fundamental que o processo de troca de um método contraceptivo para outro ou a descontinuidade do uso seja acompanhada por um profissional.

Para escolher o contraceptivo ideal, o ginecologista avalia a paciente, considera suas vontades, hábitos de vida e, principalmente, se existem contraindicações específicas a cada método, reforça.

O mais popular pode não ser o ideal

Daiane explica que a pílula se tornou o contraceptivo mais utilizado no mundo. “Estima-se que 100 milhões de mulheres sejam usuárias desse método, e a falha esperada é de menos de um a cada 100 mulheres/ano com o uso correto”, afirma.

Além da eficácia como contraceptivo, a pílula ganhou adeptos por auxiliar na redução da cólica menstrual, nos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM), reduzir o risco de câncer de ovário e endométrio, e diminuir o fluxo da menstruação, destaca a médica. O método, porém, nem sempre é o mais indicado.

A pílula pode ter como efeito adverso o aumento do risco de eventos tromboembólicos e dores de cabeça. Por isso, pacientes com enxaqueca e sintomas neurológicos devem interromper o uso e procurar um neurologista, alerta a médica.

Além disso, o anticoncepcional oral ainda pode ocasionar efeitos adversos transitórios, como sangramento irregular nos primeiros três meses, diminuição na libido, náuseas, aumento da sensibilidade da mama e acne. A pílula não causa câncer de mama, mas não deve ser utilizado por pacientes com fatores de risco para a doença. Por isto a importância do aconselhamento médico especializado antes da escolha, reforça.

Alternativas para todas as necessidades

Muitas mulheres não podem fazer uso da pílula, seja por fatores de risco ou por sofrerem com os efeitos colaterais. Outras preferem não usar ou abriram mão por questões particulares. Para elas, existem alternativas consideradas altamente efetivas, como o Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre, cobre e prata ou hormonal, implantes subdérmicos e a laqueadura tubária, explica Daiane.

O DIU de cobre foi a escolha da estudante Jeana Micaela Corrêa, 26. “Além da camisinha, desde muito nova usava a pílula. Decidi trocar porque já utilizo hormônios em função do hipotireoidismo congênito, que faz com que meu corpo não produza alguns hormônios. Também tinha episódios de enxaqueca e falta de libido, e as possíveis causas eram o uso do anticoncepcional”.

Ao procurar a ginecologista, médica e paciente encontraram no DIU, que é fornecido pelo SUS, uma alternativa. “Também li uma série de relatos e materiais sobre, e decidi, avaliando os pós e contras, que seria esse o escolhido”.

Assim, a jovem entrou com o pedido de colocação do DIU pela rede pública de saúde de Arroio do Meio, onde residida, uma vez que ginecologista que a acompanhava atendia apenas em Lajeado. Porém, o pedido foi negado pela médica que realizaria o procedimento por Jeana não ter pelo menos 25 anos na época e não ter filhos.

Jeana Micaela Corrêa

Jeana Micaela Corrêa

“Já sabia que isso poderia acontecer, ainda que não seja consenso entre os ginecologistas que o método seja ou não indicado pra pessoas na minha condição. Inclusive a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a cartilha do SUS indicam o método para qualquer mulher que o queira”.

A jovem então procurou uma segunda opinião. “Expliquei a situação para o outro médico e ele me incentivou muito, me deu o encaminhamento e disse que era ele quem faria meu procedimento”.

A colocação foi rápida e a adaptação levou cerca de um ano, até que as cólicas e o fluxo menstrual se normalizassem. “As reações são bem individuais. As minhas foram estas, mas não acontece com todas as mulheres. Mesmo assim, não me arrependo em ter colocado”.

Jeana faz uso do DIU há cerca de cinco anos e a única manutenção é uma ecografia anual para verificar se o dispositivo permanece na posição correta e, assim, garantir sua eficácia, e a substituição dele a cada dez anos.

Entre os métodos contraceptivos ainda há as opções classificadas como muito eficazes, como o adesivo transdérmico, os anéis vaginais e os métodos injetáveis: injeções mensais que contém os hormônios estrogênio e progesterona, ou trimestrais, que contém apenas progesterona.

A injeção trimestral foi a escolhida pela assistente de marketing Amanda Acosta Siebra, 22, que começou a utilizar o anticoncepcional ainda na adolescia para fazer um tratamento de reposição hormonal. A primeira opção foi a pílula, mas, devido ao estrogênio na composição, causou efeitos colaterais e precisou ser suspensa.

Amanda Acosta Siebra

Amanda Acosta Siebra

A experiência com o anticoncepcional injetável só com progesterona foi positiva. “Era uma forma de continuar o tratamento sem me preocupar com os riscos à minha saúde”.
Amanda utilizou o contraceptivo por quatro anos, até que iniciou um novo tratamento hormonal, sem o uso de anticoncepcional, em 2019. A única dificuldade do anticoncepcional injetável era a autonomia, uma vez que deve ser aplicado por profissionais e necessita de receita médica, lembra.

Por fim, além dos contraceptivos femininos, a ginecologista ainda reforça a importância de discutir sobre educação sexual, que é fundamental no controle da fertilidade e na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, além de destacar o papel dos homens na contracepção.

“O preservativo masculino, conhecido como camisinha, além de contraceptivo, ajudar a prevenir DSTs e, além dele, a vasectomia também é uma alternativa muito eficaz e segura”.

Acompanhe
nossas
redes sociais