Opinião própria ou ‘copia e cola’

Opinião

Marco Rockembach

Marco Rockembach

Presidente do Sindicomerciários

Assuntos e temas do cotidiano

Opinião própria ou ‘copia e cola’

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Atualizado sábado,
15 de Agosto de 2020 às 09:32

Lajeado

Sinto saudade do tempo em que ao olhar um programa na televisão, ouvir uma música ou ler uma notícia, tínhamos a capacidade de interpretar o conteúdo e expressar opinião própria e argumentativa. Atualmente, uma parcela da população não assiste, não ouve ou não lê uma mensagem até o final, consequentemente não sabe interpretar e, muito menos, elaborar um parecer. Apenas copia e cola o que alguém disse ou escreveu.
Para além disso, algumas pessoas pedem a volta da ditadura militar e do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Será que elas sabem o que essas duas práticas significam? Com base nos comentários observados nas redes sociais on-line, concluo que não sabem, pois prevalece a repetição de frases descabidas e ofensivas, evidenciando plena falta de conhecimento político-social.

Uma das poucas lembranças positivas que tenho do período da ditadura militar é das composições de Alceu Valença, Zé Ramalho, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Chico Buarque, Raul Seixas, Elis Regina, João Bosco, entre outros cantores. As letras, mesmo que subliminares para driblar o regime repressor, eram (e continuam sendo) poéticas, políticas e reflexivas.

Em 1979, por exemplo, Elis Regina interpretou a composição de João Bosco e Aldir Blanc chamada O Bêbado e a Equilibrista. Nos versos Choram Marias e Clarisses, os compositores fazem uma homenagem a Maria, filha de Manuel Fiel Filho, e a Clarisse Herzog, esposa de Vladimir Herzog, que morreram nos porões do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) por fazerem oposição ao regime militar. A referida canção embalava as pessoas que lutavam por direitos básicos como liberdade de expressão, justiça social e democracia.

Não desejo o retorno da ditadura militar, dos castigos cruéis e degradantes, das perseguições e da censura. Já basta sermos uma sociedade marcada pela profunda desigualdade social e econômica, pelo preconceito e racismo que ferem a dignidade das pessoas. Admiro a divergência de ideias quando fundamentada com dados e fatos. A divergência, especialmente política, é muito importante, mas precisa estar acompanhada de maturidade e responsabilidade, e não de frases rasas as quais comprometem a inteligência humana.

Nesse sentido, as redes sociais on-line e demais Tecnologias da Informação e da Comunicação são ferramentas que facilitam a comunicação e o compartilhamento de informações, reduzem o tempo, a distância e o deslocamento, e se utilizadas com criticidade, num processo de reflexão e ação, contribuem na produção de novos saberes e comportamentos.

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