Lajeado inicia estudo para plano de prevenção a enchentes

e as próximas?

Lajeado inicia estudo para plano de prevenção a enchentes

Município realiza primeiros movimentos para um controle mais assertivo das cheias. Para secretário de Planejamento, sistema eficiente de monitoramento e alerta exige amplo estudo sobre a bacia hidrográfica e das diferentes cotas de enchente na cidade

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Lajeado inicia estudo para plano de prevenção a enchentes
Primeira fase do plano prevê marco explicativo no Parque dos Dick e instalação de réguas em outros quatro pontos. Foto: Aldo César Lopes
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O compromisso assumido pelo governo municipal após enchente de julho, de criar um monitoramento mais efetivo do nível do Rio Taquari, tem os primeiros resultados. O prazo de conclusão será maior do que o previsto pelo prefeito Marcelo Caumo, que havia sinalizado a possibilidade de concluir o projeto em 30 dias.

É o que afirma o secretário de Planejamento, Giancarlo Bervian. “Se trata de um estudo complexo. Precisamos conhecer as peculiaridades de cada região da cidade, pois a cota de inundação é diferente em cada bairro.”

Por outro lado, a primeira etapa do plano está concluída. Foram separados dois aspectos na análise da equipe técnica do município. Primeiro com métodos de acompanhamento dentro da regra oficial e que possa servir de orientação. O outro em que a sociedade possa ver e aprender.

Essa é a função central do marco no parque Professor Theobaldo Dick. “Nossa ideia é ter um objeto para a população ver onde a água pode chegar. Algo para ajudar no processo de conscientização das pessoas.”

De outra ponta, os estudos preliminares da Secretaria de Planejamento também prevêem quatro pontos de monitoramento, no bairro Carneiros, na rua Bento Rosa, no Porto dos Bruda e na av. Osvaldo Aranha.

Esses com um propósito técnico, capaz de servir de parâmetro para os cálculos sobre a elevação do nível do Rio Taquari durante episódios de chuvas e enxurradas. De acordo com Bervian, a ideia é começar a montar essas estruturas nas próximas semanas.

Cheia histórica de 8 de julho atingiu cerca de 4,1% das construções de Lajeado

“A preocupação vai além de réguas”

Os resultados da enchente foram drásticos e apontaram à necessidade de qualificar o preparo das cidades, tanto na previsibilidade das cheias, quanto na comunicação à comunidade e também na retirada de famílias das áreas de risco.

“Temos estudado muito. Fizemos pesquisas frente aos números de enchentes históricas.” Por meio destes gráficos, é possível fazer uma análise dos pontos aonde à água chega primeiro, exigindo ações específicas.

A cheia de julho foi a maior dos últimos 60 anos. Desabrigou centenas de pessoas em Lajeado e também provocou diversos prejuízos para empresas. No dia 14 do mês passado, a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (ACIL) se reuniu com o governo em busca de respostas sobre os encaminhamentos da cidade para ampliar o sistema de monitoramento e cobrar para que o alerta seja mais eficaz.

“A preocupação vai além de instalar réguas. Queremos construir um plano completo. Mas isso será em médio a longo prazo”, afirma o secretário de Planejamento. Entre as iniciativas previstas, estão a instalação de câmeras e de bóias com sensores eletrônicos.

O custo é alto, alerta. Para tanto, a perspectiva é fazer uma parceria público-privada para garantir esse investimento.

Lição da tragédia

Entre os modelos que servem de exemplo para a região, está o plano de prevenção de cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. De acordo com Bervian, o sistema de Blumenau é uma das inspirações.

Em 2008, o município catarinense sofreu com uma catástrofe. Foram quase três mil deslizamentos devido a três meses de chuvas acima da média. Os prejuízos materiais e humanos levaram a cidade a desenvolver um mecanismo de prevenção que levou quatro anos para ser colocado em prática.

Começou com a elaboração do mapa geológico, estudo de movimentação e ocupação do solo e melhorias no monitoramento da chuva. Em 11 anos da tragédia, o investimento nas adequações para evitar novos episódios superaram R$ 160 milhões.

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