“O sonho no futebol profissional acabou”

Craques do Vale

“O sonho no futebol profissional acabou”

Aos 25 anos, Matheus Navacosquy, o “Poio” relembra o inicio promissor e os erros que o fizeram encerrar a carreira de forma precoce

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“O sonho no futebol profissional acabou”
Lajeado

Muitos atletas se deslumbram quando alcançam um patamar. Com decisões erradas, uma carreira promissora pode virar fracasso, foi isso que aconteceu com Matheus Navacosquy, o “Poio”. Morador de Lajeado, encerrou a carreira aos 21 anos. Hoje aos 25 se dedica a barbearia.
O início da carreira foi nas escolinhas do Rui Barbosa e como todos os goleiros, a posição foi quem o escolheu. Zagueiro de origem foi parar no gol por falta de atleta. “O Valdir Seibel me mandou para o gol, fui e peguei gosto por se jogar no chão”.
Depois do Rui Barbosa começou a peregrinar por vários clubes de base, como a AERC Juventus (Teutônia-RS), São Vicente Atlético Clube (São Vicente-SP), Flamengo e Fluminense (Rio de Janeiro-RJ), Lajeadense e Grêmio (RS).
O primeiro clube profissional foi o Lajeadense e nele veio a primeira conquista, o vice-campeonato do Gauchão de 2013. “Foi muito bom integrar aquele elenco, aprendi muito com os atletas que ali estavam.

Falta de espaço

A passagem pelo Lajeadense ficou marcada para o goleiro não pelo título, mas por problemas extracampo. De personalidade forte, sempre brigou pelo que achava certo, e uma dessas brigas o tirou do clube. Em 2013, logo após o vice-campeonato, o Lajeadense contratou o goleiro Nicolas para ser o reserva imediato de Eduardo Martini.
A saída do alviazul foi após um jogo da Série D do Brasileirão contra o Londrina. O Eduardo Martini não foi relacionado e Poio achava que viajaria junto, mas foi deixado de lado e quem foi para a viagem foi o Henrique, quarto goleiro na época. “Eu achei uma falta de respeito comigo, estava treinando muito bem, me dedicando muito.”
Depois do episódio, se reuniu com o Mário Dutra, presidente do clube, e pediu para fazer o acerto para viajar ao Mato Grosso. “Tinha R$ 33 mil para receber, mas aceitei R$ 3 para poder viajar. Era sexta-feira e eu precisava do dinheiro, meu sogro na época me adiantou com a promessa de receber na segunda-feira, passou sete meses e ele não recebeu. Depois de várias negociações a direção e ele se acertaram.”


Mesmo com dinheiro para receber, o goleiro garante que nunca pensou em processar o clube. “Apesar de toda essa situação, o Lajeadense não merece passar por tudo o que está passando. As pessoas passam, mas o clube fica e é isso o que vale.”

Encerramento precoce

Depois do Lajeadense, Poio acertou com a Luverdense, onde jogou torneios pelas categorias de base e profissional. Lá ainda jogou no Poconé Esporte Clube. Depois do Mato Grosso atuou alguns jogos no São Luiz, de Ijuí, e retornou para o Poconé, mas acabou deixando o clube logo depois. Aos 21 anos, deixou o profissional. “Encerrei por erros meus, atitudes minhas, atitudes que não combinam com o esporte profissional. Eu era muito brigão, respondão, saia pra noite, brigava na noite e passei a ser problema para os clubes que passei.”
Indagado sobre o que faria de diferente se fosse começar do zero, o goleiro comenta que escutaria mais as pessoas que o apoiavam. “Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, com certeza teria ido mais longe e estaria ainda no profissional.”
Depois que encerrou a carreira recebeu algumas propostas para voltar, mas nada que o agradasse. A que chegou mais perto trouxe outra desilusão. Em 2017, Paulo Baier treinaria o Ser Panambi e queria que Poio fosse o seu goleiro. Trabalhando em uma funilaria em Lajeado, pediu demissão e comprou a passagem para ir à Panambi. Minutos antes de entrar no ônibus, a diretoria do clube ligou avisando que Baier não seria mais o treinador e que não iriam mais contratar o goleiro.

Futuro

Com 25 anos, não pretende mais voltar ao futebol profissional. “O sonho do futebol profissional acabou. Sinto saudade, mas tenho outras prioridades no momento.”
Com uma barbearia própria no Bairro Olarias, em Lajeado, pretende ampliar o negócio e consolidar a família com a namorada Ana Paula Walker. “Me tornei uma outra pessoa depois que larguei o profissional. Era uma pessoa arrogante, antipática, que vivia brigando, hoje não, sou uma pessoa que tenho muitos amigos e tudo o que conquistei foi porque deixei o profissional.”

Momento marcante

Durante o período que viveu o futebol, se recorda dos bons momentos vividos nas categorias de base do Grêmio. “Ganhei título pra caramba lá, mas um em um torneio na Alemanha não sai da minha cabeça.”
Outro momento especial foi o retorno para Lajeado após uma breve passagem pela base do Fluminense. “Eu estava em uma partida com o Lajeadense e minha mãe veio assistir o jogo, quando vi ela entrando no estádio comecei a chorar.”

 

Futebol amador

Depois que largou o profissional, Poio seguiu atuando mas nos gramados do Vale. Mas as partidas aos domingos estão com os dias contados. “Não sei até quando vou jogar amador. Legal é, mas tenho outros projetos e prioridades.”
Mesmo querendo se aposentar aos domingo, o goleiro não abre mão das partidas com o Lesionados no sábados a tarde no Clube Tiro e Caça. “No CTC nunca vou parar de jogar, sou muito grato pela oportunidade que o doutor João Paulo Weiand deu para mim. Ele é uma pessoa incrível e serei eternamente grato por tudo.”

Ficha Técnica

Nome: Matheus Navacosquy, o “Poio”
Idade: 25 anos
Posição: goleiro
Clubes por onde passou: São Vicente Atlético Clube (SP), Flamengo e Fluminense (RJ), Lajeadense e Grêmio (RS), Poconé e Luverdense (MT)

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