Precisamos falar sobre a objetificação dos nossos corpos

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Precisamos falar sobre a objetificação dos nossos corpos

Por

O título desta coluna é um assunto que quero discutir com vocês já faz um tempo. Dias atrás, em um grupo de amigas no WhatsApp, fui apresentada ao caso de um influencer americano que virou notícia depois de um episódio de agressão a uma atriz contratada por ele.

A situação, ao meu ver, infelizmente serviu para trazer ainda mais mídia para o sujeito, mas, pelo lado positivo, também levantou um debate muito importante sobre a objetificação dos corpos femininos.

Muito falamos sobre desigualdade de gênero nas oportunidades profissionais e nas relações, por exemplo, mas, em alguns aspectos, esta desigualdade se manifesta de forma um pouco mais subjetiva, antes de tudo isso, ainda na forma como enxergamos as mulheres.

O termo objetificação significa olhar para um indivíduo a nível de objeto, sem considerar seus aspectos humanos. Em síntese, é reduzir a complexidade de uma pessoa a um objeto sem emoções. Desumanizar.

Ao objetificar o corpo feminino, a sociedade banaliza a imagem da mulher, o que se traduz em uma cultura onde a aparência passa a ser mais importante do que os outros aspectos que definem as mulheres como indivíduos, como sua capacidade intelectual, por exemplo, além de reforçar padrões estéticos irreais.

O tal influenciador, infelizmente, não está sozinho. A objetificação da mulher é prática comum e está presente nos mais diversos campos da sociedade. Um exemplo simples e fácil de compreender é a forma como somos retratadas na publicidade, onde ainda é comum mulheres serem estereotipadas e hipersexualizadas.

Por mais independência que já tenhamos alcançado em tantas áreas de nossas vidas, é inquestionável que existem aspectos que ainda precisam de muitas mudanças. Um deles, que atinge todas as mulheres, de diferentes formas de acordo com sua raça, classe e sexualidade, mas todas, sem exceção, é a objetificação dos nossos corpos.

Enquanto não problematizarmos e discutirmos de forma aberta e clara a objetificação feminina, junto a homens e mulheres, e não deixarmos de aceitar estes discursos, seja na publicidade ou por meio de influencers como o tal Dan, continuaremos vivendo em uma cultura que reduz as mulheres a seres inferiores, sem vontades ou emoções, em uma sociedade que nos mata e descarta diariamente como objetos que perderam suas funções.

Acompanhe
nossas
redes sociais