Música para acalmar a alma

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Música para acalmar a alma

Atividades artísticas ajudam adultos e crianças no período de isolamento social

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Atualizado sexta-feira,
14 de Julho de 2020 às 13:37

Música para acalmar a alma
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O primeiro contato dos irmãos Fernando Kratochvil Dahmer, 6, e Beatriz Kratochvil Dahmer, 4, com a música foi na escola. Ambos logo demonstraram grande afinidade com as artes, em especial, com as melodias, conta a mãe Juliana Kratochvil, 41.

Juliana toca piano desde os sete anos e retornou à prática há cerca de um ano e meio. Ao perceber que o amor pela música também despertava nos filhos, ela e o marido Gerson Dahmer, 51, logo matricularam as crianças na Companhia Aprendiz.

Os irmão iniciaram com atividades de musicalização em grupos no início de 2019. Hoje, Fernando frequenta a aula de violão. Beatriz segue com a musicalização e tem interesse em canto.

Desde os primeiros contatos com as artes, os pais perceberam o desenvolvimento na autoestima e na sensibilidade das crianças. “A música teve uma influência muito grande também na alfabetização do Fernando, pois ele se interessava em ler e compreender as músicas. Muitas vezes eles solicitam fazer suas atividades enquanto escutam trilhas musicais trabalhadas na Companhia”.

Com o isolamento social, as aulas foram virtualizadas. No início, os pequenos participaram, mas com o decorrer das semanas começaram a apresentar maior resistência.

“Deixamos eles sempre muito à vontade para participar ou não. Eles tinham acesso ao piano aqui de casa, suas flautas e outros brinquedos e, assim, por vezes estavam fazendo as atividades mesmo sem cobranças”.

O pai Gerson já considera aprender um instrumento também. “É uma forma de ficarmos mais ligados, promover maior qualidade de vida e a resiliência em aprender algo novo depois de adulto”.

Sons de esperança

Juntos há 17 anos, a música sempre fez parte da relação de Sabrina Fritsch, 38, e Ricardo Petter, 45. Ricardo é educador musical e tinha o sonho de ter uma escola de música com uma proposta diferenciada. O casal decidiu empreender juntos e assim surgiu a Companhia Aprendiz.

O projeto é construído a partir da junção de programas educacionais, como formações para professores, aulas particulares e palestras, além de programas culturais, como shows e espetáculos, conta Sabrina.

A Companhia recebeu este nome por se basear em um trabalho feito em grupo, onde todos aprendem e crescem juntos, destaca. “Somos um espaço de arte, cultura e educação, com o propósito de impactar positivamente a vida daqueles que aqui frequentam”.

Sabrina percebeu um aumento da procura pelas aulas de música, mesmo quando virtualizadas em função da pandemia. “Acreditamos que, quando as pessoas notaram uma falta de perspectiva para o retorno das atividades normais, começaram a buscar alternativas”.

Mesmo com a pandemia, a Companhia Aprendiz conseguiu manter grande parte das matrículas, e, além de levar a arte como um auxílio neste momento difícil, também optou por manter as aulas para quem não poderia realizar o pagamento.

Todos perdemos alguma coisa com a quarentena. Não tiraríamos também as aulas dos alunos, principalmente das crianças.

Arte para enfrentar as durezas da vida

Grupo A Hora – De que forma a prática de atividades artísticas pode contribuir para o desenvolvimento das crianças?

Suelen Miglioransa – Atividades artísticas proporcionam experiências que trazem prazer e também desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Na relação com a arte, seja individual, com outras crianças ou com adultos, encontra-se uma ferramenta de experimentação, investigação e descoberta do corpo e emoções, que também contribui para a integração da personalidade.

Grupo A Hora – Como a arte pode ajudar adultos e crianças em um momento como este?

Suelen – No contexto de crise que vivemos, muitas pessoas têm relatado uma reaproximação com a cultura e a arte. Como espectadores ou produtores, temos na arte recursos para buscar prazer diante das frustrações e ansiedades impostas pela pandemia.

Para adultos e crianças a expressão artística oferta um elo entre a realidade interior e a realidade exterior e é a experimentação de afetos para produção de vida, lidar com sofrimentos e promover saúde.

O humor, a arte e a criação nos dão suporte para enfrentar as durezas da vida e tornam-se um recurso terapêutico. Poesias, pinturas, composições musicais, esculturas, piadas, são a arte sendo expressada como uma forma de lidar com sentimentos que por vezes não conseguem ser narrados, com aquilo que nos afeta e sensibiliza, tanto de modo positivo, como negativo.

Música para todos

A Companhia Aprendiz atende de bebês a idosos, explica Sabrina. O projeto de musicalização infantil é voltado para crianças de até sete anos. Além disso, há  cursos de instrumentos como piano, violão, saxofone, bateria, ukulele e flautas, bem como técnica vocal e  musicoterapia.

A musicoterapia é uma técnica em alta, em especial para crianças com espectro autista, pois favorece a comunicação e socialização, destaca Sabrina.

O retorno gradual das aulas começou no mês passado, seguindo os cuidados necessários e com turmas de no máximo três alunos. “Buscamos orientações médicas para criarmos o nosso protocolo e estamos seguindo todas as recomendações”.

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