Entidades questionam razões do embargo à BRF

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Entidades questionam razões do embargo à BRF

Após uma semana, mais dois frigoríficos perderam o certificado de venda para o país oriental. Agora são seis unidades no Brasil atingidas com o fim das negociações. Entidades representativas pedem mais informações sobre os motivos da decisão

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Entidades questionam razões do embargo à BRF
Lajeado

A tentativa de evitar uma segunda onda de covid-19. Essa é a justificativa da China para a suspensão da compra de carnes dos frigoríficos brasileiros que tiveram surtos da doença. Agora a unidade da BRF de Lajeado também foi atingida.

Na última semana de junho, o comunicado dessa decisão retirava as negociações com a Minuano Alimentos. Na análise de especialistas, a restrição provoca o aumento dos estoques, com possibilidade de redução no preço do produto no mercado interno e, por outro lado, também pode reduzir o pagamento ao produtor rural.

A Administração Geral de Alfândegas da China (GACC, na sigla em inglês) atualizou a lista de frigoríficos autorizados a exportar para o país nesse fim de semana. Além das duas empresas do Vale do Taquari, também estão às unidades da JBS de Passo Fundo e de Três Passos, o abatedouro de bovinos Angra, de Rondonópolis (MT) e a unidade Marfrig de Várzea Grande (MT).

A China é o maior comprador de carne suína, bovina e de frango do Brasil. O país asiático solicitou que os exportadores certifiquem que os produtos estão livres de coronavírus, o que BRF, JBS e outras processadoras de alimentos do Brasil já fizeram.

Na análise da economista e presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, defende a necessidade de mais informações sobre essa suspensão. “Isso pode dar margem para suposições que vão desde a pandemia até questões de diplomacia internacional.”

Em termos de impacto econômico, detalha a possibilidade de ampliar vendas para outros países e também maior abastecimento do mercado interno, o que reduziria os preços aos consumidores.

Por outro lado, traria impactos negativos para o campo. Em caso dos frigoríficos que usam granjas próprias, há risco de demissões. No modelo integrado, o agricultor poderá ter redução nos vencimentos, pois a margem de lucro cai para a indústria.

Conforme a Secretaria da Fazenda de Lajeado, a BRF ocupa o primeiro lugar em retorno de ICMS ao município, com cerca de R$ 11,2 milhões. Isso representa 20% de toda produção que volta para os cofres públicos do município.

Posição da BRF

Por meio de nota oficial, a companhia informa não ter sido notificada oficialmente sobre a suspensão para as exportações de carne suína da unidade de Lajeado e que tomou conhecimento do fato através de publicação no site da Administração Geral das Alfândegas da China – GACC.

“A empresa ressalta que desconhece o motivo desta decisão e que já está atuando junto às autoridades brasileiras e chinesas, incluindo o Ministério da Agricultura – MAPA, o Ministério de Relações Exteriores – MRE, a Embaixada da República Popular da China no Brasil e o próprio GACC, para reverter à suspensão no menor prazo possível e tomando todas as medidas cabíveis para restabelecer tal habilitação.”

Na nota, a BRF salienta que os órgãos chineses realizaram testes em mais de 50 mil amostras de alimentos de forma aleatória procedentes de diversos países e das mais variadas empresas e nada foi constatado até o momento.

“A Companhia esclarece que, desde o início do surto de Covid-19 no mundo, adotou protocolos de saúde e segurança e planos de contingência em todas as unidades fabris no Brasil e no exterior”, afirma a empresa.

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