Profissionais relatam desafios diários no combate à pandemia

NA LINHA DE FRENTE

Profissionais relatam desafios diários no combate à pandemia

Médico e enfermeiro do Hospital Estrela lidam diretamente com pacientes em estado grave contaminados pela covid-19. Nova rotina imposta pelo coronavírus exige resiliência e equilíbrio emocional

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Profissionais relatam desafios diários no combate à pandemia
Hospital de Estrela é uma das quatro casas de saúde com UTI Covid do Vale. Créditos: Divulgação
Estrela

Há cerca de 20 anos, o médico intensivista César Hoppe atua no Hospital Estrela, sendo um legítimo prata da casa. Em duas décadas, vivenciou diversas situações dentro da casa de saúde, mas nada comparável à crise atual. A pandemia do coronavírus impactou diretamente na rotina dos profissionais de saúde de todo o mundo.

Hoppe atende na UTI do hospital e recebe pacientes já com sintomas de falta de ar, que logo acabam sendo intubados. Apesar do medo de se contaminar no início, diz já estar acostumado com a situação. “A gente viu que, tomando os cuidados necessários, não há problema. Dos colaboradores da UTI, apenas uma foi contaminada, e foi na volta de uma viagem para São Paulo”, relata.

Casado, Hoppe tem um filho adolescente de 15 anos. E possui um olhar sensível à importância do vínculo de pacientes conscientes com seus familiares, estimulado após fazer uma chamada de vídeo com o seu celular, conectando um enfermo e seu filho. A partir disso, teve uma ideia para facilitar o contato entre os dois lados.

“Vi os benefícios e comprei um tablet para deixar aqui no hospital, para fazermos chamadas virtuais com as famílias”, comenta Hoppe, destacando a implantação da visita virtual na UTI do Hospital Estrela.

A perda de um paciente

Para um médico, uma das piores sensações é a de perder um paciente. Trata-se de uma experiência sempre difícil. “Isso a gente nunca sabe como lidar realmente. Médicos trabalham há décadas com UTI e nunca ninguém quer comunicar a família. Eu sempre procuro ser mais humano. E com a Covid, os familiares já estão mais preparados”, avalia.

Hoppe também pede mais atenção às comorbidades, que acabam tornando o coronavírus uma doença de alto risco para uma parte da população. “Nossa paciente mais jovem que faleceu era obesa e não tinha outras comorbidades”, lembra o médico, acrescentando também a dificuldade do manejo físico destes pacientes.

Susto e insegurança

Com menos tempo de casa, mas com um trabalho tão relevante quanto, o enfermeiro Marcos André Hilgert, 39, está há dois anos no Hospital Estrela. No começo da pandemia, admite que ficou assustado com a doença, já que existiam poucas informações sobre ela.

Mesmo com as descobertas sobre a Covid-19, Hilgert ainda se sente inseguro se não está levando a doença para casa. “Tu pode estar contaminado e assintomático”, conta o enfermeiro, que é casado e tem dois filhos pequenos, de seis e nove anos.

Entre os pacientes, a insegurança é maior. Hilgert, que é conhecido no hospital por ter a habilidade de amenizar a angústia das pessoas, busca auxiliá-los.“A gente conversa muito com eles, para tranquilizá-los dentro das angústias que apresentam. Explicamos como é o tratamento, falamos de pacientes com os mesmos sintomas que tiveram alta”, explica.

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