“Descer a Harmonia é uma das melhores sensações da vida”

Abre Aspas

“Descer a Harmonia é uma das melhores sensações da vida”

O motoboy Carlos Adolfo Arend, popularmente conhecido como Dida, 33, trabalha há dez anos para o Hospital Ouro Branco, em Teutônia, cidade onde nasceu e sempre morou. Há seis anos, passou a praticar o downhill, esporte que ganhou notoriedade na região por ter, na Lagoa da Harmonia, uma das ladeiras mais rápidas do mundo, atraindo esportistas de todo o planeta. A adrenalina da descida, segundo ele, é incomparável e é motivo de orgulho para os participantes

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“Descer a Harmonia é uma das melhores sensações da vida”
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

• Como foi seu ingresso no skate downhill?

Ocorreu quando tinha entre 27 e 28 anos. Alguns anos antes, eu já vinha prestigiando o evento, tentando entender como se fazia. Aí comprei meu primeiro skate longboad, começando a minha experiência. Agora estou há seis anos no esporte, que é necessário adquirir um tempo, persistência. Tem que aceitar que nem tudo são flores. O cara cai, se machuca. Eu mesmo tive um tombo grave, do qual tive que botar bolsa de colostomia, ficando seis meses sem praticar esporte algum. Hoje, pratico duas a três vezes por semana.

• Como avalia o cenário atual da modalidade no Vale do Taquari?

Aqui na região temos, no máximo, uns dez atletas, que são praticantes do esporte. No Brasil são pouquíssimos também, não sei se dá 500, sendo que os profissionais são 40, 50 e o restante, como eu, são amadores. No Vale é um esporte desconhecido e por ser arriscado, é muito perigoso. Acredito que isso acabe afastando muitas pessoas, que tentam ingressar no esporte e veem a dificuldade. E mesmo para quem já está acostumado, você vê que ainda é perigoso. Mas, quando a gente faz com amor, deus abençoa.

• Temos em Teutônia a descida da Lagoa da Harmonia, uma das provas mais velozes do mundo, que atrai atletas internacionais. Como esse fator influencia no downhill na região?

Chamamos ela de “lomba mãe”, pois é a descida mais rápida em competição. No Canadá, existe uma em Quebéc, uma pista que registra velocidade maior, mas lá a competição é de um atleta só. Aqui, não. É um torneio de mata-mata, como em todos os lugares. Infelizmente, aqui na região, temos pouco apoio. Como é um dos esportes mais perigosos, acaba sendo pouco procurado. Mas nós temos um grande orgulho de andar lá. E vem pessoas de todo mundo andar aqui. Holandeses, americanos, canadenses, argentinos, uruguaios, de todo o mundo.

• Qual a sensação de descer a Harmonia?

Desci pela primeira vez em 28 de março de 2017. E já em novembro de 2017 teve o primeiro evento, onde me inscrevi e participei pela primeira vez. Também participei em maio de 2019. A sensação é uma das melhores da vida, é incomparável, não tem explicação. Comparo com o momento em que meus filhos nasceram. Pelo momento da adrenalina, descendo a 120 por hora, é algo que só quem fez e desceu vai entender. Para quem viveu aquilo, nada mais te assusta. É a pista que nos leva ao limite.

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