“Cada dia é uma luta diferente”

Entrevista da semana

“Cada dia é uma luta diferente”

Principal divulgadora do futebol feminino no Vale, Vanuza de Rosso pede mais oportunidades para as mulheres

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“Cada dia é uma luta diferente”
Além de organizadora, Vanuza é figura presente em vários torneios do Vale - Foto: Ezequiel Neitzke
Lajeado

Como surgiu a parceria com a Alaf?

Vanuza de Rosso – Olha, a organização do torneio entrou em contato com a Lia e a Renata para ver se não tínhamos interesse em montar um time. Elas tiveram a iniciativa, formaram a equipe e entraram em contato com a Alaf. Depois da participação concretizada, me chamaram para fazer parte. Eu aceitei na hora, pois é um sonho antigo meu e da Alaf. Nessa pandemia algo deu certo e vamos jogar a competição. 90% da equipe é de Lajedo e o restante é do Vale do Taquari. A equipe está pronta e já joga junto faz tempo.

A gente pode ver a Alaf disputando a Liga Gaúcha feminina no futuro?

Vanuza – A gente veio para ficar, até porque a diretoria da Alaf comprou a ideia e vestiram a camiseta. É um sonho antigo deles e nosso. Esse projeto tem tudo para não ser pontual apenas desse campeonato, eu penso que futuramente a Alaf seguirá disputando competições femininas.

Como avalia o futebol feminino na Região?

Vanuza – Agora estou mais feliz, pois vejo que as coisas estão sendo postas em prática. Um tempo atrás era só projeto e as parcerias não se concretizavam. Agora eles estão saindo do papel. Agora está se abrindo uma porteira para o futebol feminino na região. Vamos crescer ainda mais.

As barreiras do machismo estão sendo ultrapassadas?

Vanuza – Eu vou ser bem sincera. Se não for ultrapassada, vamos ultrapassar ela. O pior de tudo é o machismo velado. Aquela historia de dar a mão e depois te dar os tapinha nas costas é complicado, ainda existe hoje que o futebol não é para mulher. As vezes esses preconceitos motivam a gente a continuar. Cada dia é uma luta para gente, não tem nada que vai fazer a gente desistir, pois se não já teríamos desistidos. Tanto é que agora conseguimos várias pessoas para ajudar e estamos tirando do papel essa parceria com a Alaf.

O que fazer para difundir ainda mais o esporte no Vale?

Vanuza – Eu sou taxada de chata por isso. Penso que falta um departamento feminino aqui para tratar só do esporte. Com uma, duas pessoas para convocar os times, organizar os torneios. Ter uma pessoa trabalhando 24h em prol disso, conseguindo empresas para apoiar a competição, viabilizar os torneios. Tanto é que quando retornamos com o municipal de campo de Lajeado conseguimos cinco times, imagina fazer um trabalho em cima disso em nível regional. Estamos em um celeiro de craques. Penso que uma pessoa específica para trabalhar nisso seria fundamental. Se tivermos condições vamos mostrar que somos capazes de organizar e quem sabe resgatar o Regional Feminino.

Como formar mais atletas na Região?

Vanuza – Temos que ter uma base muito sólida. Temos que trabalhar em escolinha, em projeto social, temos que fomentar fortemente. Temos que ter um olhar mais carinhoso para as meninas, pois só assim vamos conseguir agregar vários valores. O que dói é que as gurias boas tem que ir embora daqui para conseguir realizar seus sonhos, sendo que poderíamos ter elas entre nós. Muitas gurias treinam em meio aos guris. Precisamos fomentar melhor o esporte na região.

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