Após pouco mais de três meses de discussões e incertezas, o Congresso Nacional bateu o martelo e aprovou o adiamento das eleições municipais. Previsto inicialmente para 5 de outubro, o primeiro turno do pleito ficou para 15 de novembro, o que implicou também em mudanças no calendário eleitoral.
O prazo para realização das convenções partidárias, por exemplo, ficou para o fim de agosto. Serão 17 dias onde partidos definirão seus candidatos a prefeito, vice, vereadores e também as coligações. O adiamento, entretanto, está longe de ser unanimidade no meio político, dividindo opiniões.
Para o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) e prefeito de Imigrante, Celso Kaplan, não há clima nem condições para realização de uma eleição, mesmo que em novembro. “Como fazer eleição agora, com uma doença invisível e uma crise financeira que está batendo na porta dos municípios?”, questiona.
Kaplan diz que o país não está preparado para a realização de uma eleição em meio a atual situação e mantém a tese de que o pleito não ocorrerá em 2020. “E estão falando em utilizar dinheiro público na eleição. É uma falta de consideração com todo o povo. Estamos falando em vidas e em crise. Pelo andamento da doença, penso que essas eleições não vão sair nesse ano”, opina.
Unificação
Já a Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (Avat) defende a unificação das eleições. O presidente da entidade, Waldir Blau, elogiou o adiamento do pleito que estava previsto para outubro, pois, devido às restrições impostas pela pandemia, a própria população está evitando falar de política ou de eleições.
“Acredito que foi bom, mas tem que mudar a constituição e unificar as eleições, acabar com a reeleição. Não precisa ser para agora, mas entendo que é necessário. Até pela questão dos custos, tanto para nós (políticos) quanto para o país”, afirma o vereador lajeadense.
Blau lembra também que as pessoas que estão no meio político mal saem de uma eleição e já entram em outra, pois o intervalo entre os pleitos municipal e geral é de dois anos. “Você nunca para, é desgastante”, salienta.
Medida adequada
Advogado e presidente da comissão em Direito Eleitoral da OAB/RS, Paulo Roberto Cardoso Moreira de Oliveira acredita que o adiamento das eleições foi uma medida “adequada” e que visa a principalmente a proteção do eleitor. Para ele, também, se perdeu a oportunidade de rediscutir outros temas.
“O adiamento foi a única alternativa que se restou. Mas perdemos a chance de avançar mais tecnologicamente, de baratear os custos das eleições, e até de discutir a obrigatoriedade do voto”, opina, acreditando que, novamente, o papel da internet será fundamental nas eleições.