Queda nas cirurgias e diagnósticos de câncer preocupa oncologistas

Saúde

Queda nas cirurgias e diagnósticos de câncer preocupa oncologistas

Estima-se que até 90 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com a doença entre março e maio, em meio à pandemia

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Queda nas cirurgias e diagnósticos de câncer preocupa oncologistas
Brasil

A pandemia do coronavírus, que já atinge o país há mais de 100 dias, afetou diversas áreas. E causou também um impacto na própria área da saúde. As cirurgias e os diagnósticos de câncer, por exemplo, tiveram uma drástica e preocupante redução neste período.

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) junto aos principais serviços de referência nas redes pública e privada do país, entre 50 mil e 90 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer nos dois primeiros meses de pandemia.

Além disso, houve uma redução de 70% no número de cirurgias e queda de 50% a 90% das biópsias enviadas para análise de um médico patologista. O alerta também surgiu em um encontro realizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, onde especialistas apontaram para o adiamento das consultas médicas de rotina.

Para o médico oncologista Hugo Eduardo Schünemann, essa queda é reflexo de uma estratégia adotada em março nos estados e municípios, de que os hospitais deveriam priorizar o combate ao Covid-19, resultando numa série de adiamentos de procedimentos que não eram considerados de urgência.

“Isso, sem dúvidas, vai causar um retardo no diagnóstico. Não foi uma parada de 10 dias, mas sim de 60 dias para mais. Não sabemos se isso vai aumentar a mortalidade, mas se imagina que os casos de câncer vão chegar mais avançados, porque ocorreu uma demora para fazer o diagnóstico”, salienta.

Piora na situação

Hoje, o RS vive a pior fase desde o começo da pandemia, com risco de sobrecarregamento do sistema de saúde. Para Schünemann, com a crescente na curva de Covid-19, hospitais podem novamente deixar de fazer procedimentos cirúrgicos que não sejam de urgência.

“Muitos que já deveriam ter feito procedimento cirúrgico ainda não fizeram, mas agora estão voltando. Só que, se a situação piorar, vão acabar transferindo de novo”, alerta o médico, exemplificando. “Uma pessoa com um pequeno câncer gástrico, diagnosticado em março, talvez seja operado somente em agosto”.

Segundo a pesquisa conjunta da SBCO e SBP, as cirurgias mais adiadas são as de colo retal, mama, estômago, pâncreas e pulmão.

Cardíacos também afetados

Outra preocupação da classe médica é com o aumento de mortes por ataques cardíacos. A cidade de São Paulo, por exemplo, registrou uma queda de 45% nos atendimentos do Instituto do Coração (Incor).

Já a Sociedade Brasileira de Hemodinãmica e Cardiologia Intervencionista aponta que houve uma redução de 50% nos atendimentos a pacientes com infarto, quando comparados com o mesmo mês em 2019.

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